Todas as vezes que se agitam, quase histéricos, setores da mídia e políticos, diante de uma suposta pregação de intervenção por parte de autoridade militar, penso em expor a minha visão sobre o sensível assunto. Por ser particular e de foro íntimo, evidentemente não pretende ser consensual, muito menos técnica e precisa, mas é, absolutamente, sincera e baseada na experiência de alguém que viveu quase toda a sua existência, desde muito moço ainda, no ambiente militar, tendo incorporado dele todos os valores éticos e morais que procura praticar e transmitir.
Em primeiro lugar devo dizer, e isso posso afirmar com toda a convicção e certeza, que os militares conhecem, e muito bem, os males que a interrupção de um regime ou de um governo legalmente constituído por meio de uma intervenção, seja ela fardada ou não, causa a um país. E, ainda, que nunca, nos anos de nossa formação nos bancos da Academia Militar ou em qualquer outra escola de aperfeiçoamento ou de altos estudos durante nossas carreiras, esse foi um tema tratado ou apresentado por nossos mestres, como solução para os eventuais desvios de governantes ou como substituto da vontade popular expressa através do voto.
Ao contrário, das virtudes da Democracia, sim, dessa sempre ouvimos falar, e não somente falar, fomos impregnados dos seus princípios e valores fundamentais; aprendemos a respeito da índole democrática do povo brasileiro, e foi por isso que em sua defesa, em diversas ocasiões, deixamos nossos quartéis para lutar dentro e fora do nosso território.
O militar está longe de ser intervencionista ou golpista, termo preferido por alguns detratores, somos, sim, patriotas, expressão em desuso e que não poucos, infelizmente, chegam hoje a manifestar constrangimento de invocar; para nossa vergonha. Amamos nosso País, veneramos seu passado histórico, seus símbolos sagrados, suas lutas, suas conquistas e seus heróis, seguidamente menosprezados e que maus brasileiros tentam transformar em vilões, valendo-se de um nefando revisionismo, claro destituído de qualquer fundamento que o justifique.
Também somos cidadãos, e bons cidadãos, sob os uniformes que ostentamos. Na ativa ou na reserva. É só por isso que, como a MASSA da sociedade brasileira, hoje, temos não só o direito, mas também o dever de nos indignarmos com tudo o que vemos. Quem não o fizer, mesmo sabedor dos riscos decorrentes por força de limitações regulamentares ou legais, desculpe-me, é desinformado, mal-intencionado ou alienado. Não pode haver hoje quem não solte seu grito de horror, de desejo de mudança, de justiça contra todos aqueles que, com o poder dos cargos públicos que exercem, em todos os níveis, a começar pelos líderes dos próprios poderes constituídos, ou por qualquer outro meio, levaram o nosso o Brasil à iminência do caos político, social e econômico, impondo sofrimento à sua gente e ao descrédito diante do mundo.
Desafio qualquer um dos integrantes da mídia ou do apodrecido meio político que aponte uma só autoridade militar no serviço ativo que, nos tempos que vivemos, tenha pronunciado ou discutido o termo intervenção sem que seja para dar resposta à provocação específica partida de representantes dessa sociedade sofrida, hoje ameaçada pelos crimes que vêm sendo cometidos por seus próprios governantes.
E as respostas, que não podem deixar de ser dadas por essas autoridades, verdadeiros cidadãos fardados, repito, invariavelmente, e diferente da interpretação quase doentia dos histéricos a que me referi acima, têm sido sempre na direção de lançar um alerta sobre os riscos que todos corremos se não formos capazes de extirpar com os meios legais que dispomos, as razões das insatisfações e os criminosos que as ensejaram.
Melhor, se todos que desejam, sinceramente, um Brasil mais digno, concentrem seus esforços no sentido de eliminar os motivos da tragédia, e da vida pública, os responsáveis, todos criminosos, que tornaram inevitável e mais do que explicável o entendimento de parcela cada vez mais acentuada da sociedade de que só pela intervenção teríamos a chance de um recomeço.
Como ficou longo, a seguir, numa próxima ocasião, ainda numa visão muito particular, gostaria de passar aos amigos a experiência vista e vivida que terminou por me convencer que é irrelevante alguém, por alta autoridade que seja, afirmar se vamos ou não vamos, diante dessa realidade, seguir por esse ou aquele caminho, legal ou não. São muitos, e por vezes fora do controle, os atores, fatores e aspectos intervenientes. Não haverá volta sem que os políticos e governantes reconheçam de uma vez que só imporão respeito se respeitarem seus representados. Do contrário tem, sim, a Nação e seu Povo, todo o direito de repudiá-los.
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