Presidente da Câmara de Vereadores de Japeri se entrega à Polícia Civil.
Wesley George de Oliveira, o Miga, era considerado foragido desde a última quinta (27), quando foram cumpridos uma série de mandados de prisão da Operação Sênomes.
Por Márcia Brasil, TV Globo
Presidente da Câmara de Vereadores de Japeri, na Baixada Fluminense, Wesley George de Oliveira, o Miga, se entregou à Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (30).
Ele era considerado foragido desde a última quinta (26), quando foi cumprida série de mandados de prisão da Operação Sênones.
Miga, do PP, estava foragido desde quinta-feira (26) (Foto: Reprodução/Redes sociais).
Em investigação conjunta, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) afirmam que uma das maiores facções criminosas do estado se instalou na Prefeitura de Japeri.
Durante a operação, também foram presos o prefeito da cidade, Carlos Moraes, e o vereador Cláudio José da Silva, o Cacau, e 37 suspeitos de tráfico de drogas.
Operação Sênones
A ação teve por base as investigações da Polícia Civil, do Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, estes do Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação contou com o apoio da Coordenadoria de Inteligência da PM.
O nome da operação faz uma referência a Breno, nome do líder de uma tribo celta que invadiu Roma no século 4 antes de Cristo. Os sênones bateram os romanos e saquearam a cidade. Os governantes concordaram em pagar um resgate para se libertar das hordas de Breno, mas um ditador exilado formou exército e expulsou os celtas.
Ligação com o mais procurado da Baixada
Breno da Silva Souza, suspeito de chefiar tráfico em Japeri (Foto: Divulgação/Polícia Militar).
Um dos mandados é contra Breno da Silva de Souza, o BR, preso no dia 20.
Ele era o homem mais procurado da Baixada Fluminense, suspeito de chefiar o tráfico no Complexo do Guandu.
Escutas autorizadas pela Justiça flagraram, no ano passado, telefonema entre o prefeito Carlos Moraes e BR. A partir de então, agentes e promotores descobriram que Moraes, Miga e Cacau associaram-se ao tráfico de drogas local, comandado pela facção criminosa Amigos dos Amigos.
As investigações apontam que o trio colocou o exercício dos seus mandatos a serviço dos interesses da organização criminosa em troca de benefícios pessoais e a possibilidade de estruturação de um projeto político que os perpetuasse no poder.
A força-tarefa apurou que os políticos valiam-se de seus mandatos para repassar informações privilegiadas e para articular ações integradas que permitissem ao bando desenvolver livremente suas atividades ilícitas. Foram detectados ainda indícios de fraudes em licitações e desvios de dinheiro público em favor dos interesses da organização criminosa.
As escutas autorizadas pela Justiça apuraram episódios em que BR ligou para o prefeito e para outras pessoas influentes do município a fim de interromper uma operação policial para impedir a realização de um baile funk promovido pelos traficantes da localidade.
O vereador Claudio José, o Cacau, também ligou para o traficante se prontificando a ajudar a encontrar uma solução para a intervenção policial na comunidade.
O prefeito retornou o contato telefônico com Breno para dizer que estava empenhado em atender à demanda de Breno e para passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade. Disse ainda que, em companhia do vereador Wesley George, o Miga, iria procurar o comando do 24º BPM.
O elo entre a Prefeitura de Japeri, a Câmara Municipal e o tráfico do Guandu era Jenifer Aparecida Kaiser de Matos, um dos alvos da operação e que também foi presa.
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