Por: Reinaldo Azevedo/
Publicada: 07/10/2018 - 7:08
General Hamílton Mourão: o homem resolveu disparar outra. É de caso pensado.
O general Hamilton Mourão, candidato a vice na chapa do capitão Jair Bolsonaro — ambos são reformados —, disparou uma pérola neste sábado. Leiam trecho de texto publicado na Folha:
“Meu neto é um cara bonito, viu ali? Branqueamento da raça”.
Dessa maneira o general Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), apresentou o neto a jornalistas, após desembarcar no Aeroporto de Brasília, na noite deste sábado (6).
O militar já tinha se envolvido em polêmica ao relacionar negros à malandragem, em evento em Caxias do Sul (RS). Após aquele episódio, ele se autodeclarou de origem indígena.
Antes de falar do neto, o candidato a vice afirmara que seria bom um segundo turno. Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto e seus aliados apostam em uma vitória no primeiro turno.
Segundo ele, o debate político foi “fraquíssimo” e uma segunda rodada serviria para esclarecer as ideias.
“Seria bom porque seria explicitado realmente… parar de atirar abaixo da linha da cintura e falar o que é verdade, o que interessa”, afirmou.
“[O debate foi] fraquíssimo, porque se atacou pessoalmente os candidatos. E não discutimos qual é a sua ideia, o que vamos fazer? Deixou de ser discutido as reformas, como serão feitas. Muita gente fala de parceria público privada. Como vai fazer isso, como vai atrair o parceiro privado? Alguém falou de política externa?”
Comento
Será que Bolsonaro já contou ao general como pretende implementar suas ideias? Até entendo a curiosidade do general com a plataforma dos demais, candidatos, já que não deve ter informação nenhuma sobre o que pretende o titular de sua chapa. Mas isso, agora, é o de menos. Vejam lá a frase sobre o “branqueamento da raça.”
Ah, talvez o general estivesse apenas sendo irônico ao associar a beleza ao branco e a feiura ao negro — porque foi o que fez, já que as palavras têm sentido.
Burrice? Ingenuidade? Ignorância?
Acho que não. Parece tratar-se de esperteza mesmo. O contexto sugere que o general resolveu ser irônico para provocar os negros, atraindo, assim, a repulsa, por bons motivos, de todos os antirracistas do país.
É o que quer o general. É o que quer o bolsonarismo. Assim, compensam seu vazio de propostas com guerrilha cultural.
Ainda voltarei o assunto. O tema do “embranquecimento do brasileiro vem de hoje! E está no cerne de uma visão abertamente racista sobre o país.
O general não é idiota e sabe disso. Que os descontentes com a sua fala se mobilizem e se manifestem. Aos adversários políticos, vai uma advertência: cair num debate sobre raças e racismo corresponde a fazer o jogo da turma. Na agenda dos valentes, também estão as ofensas a gays, mulheres, índios etc.
O bolsonarismo aceita debater qualquer assunto que dispense seus bravos de tratar do programa de governo e das medidas que serão adotadas na economia se o seu “líder” vencer.
Eles querem o país se engalfinhando em razão das teses esdrúxulas sobre raça, gênero, armas para que não sejam obrigados a dizer que diabos pretendem fazer com o Brasil.
Reitero: voltarei ao assunto.
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