terça-feira, 30 de julho de 2019

A PAROLAGEM DO GOVERNO

Governo recorre à parolagem para embalar discursos sobre economia, mas ninguém quer resolver o hoje.
Por Redação Ucho.Info/
30 de julho de 2019.


Alguns empresários brasileiros, sempre prontos para aplaudir quem se posiciona contra os trabalhadores, mesmo que afirmem o contrário, estão a dizer que o País avança na direção correta sob a batuta de Bolsonaro e que o ministro Paulo Guedes (Economia) é um gênio. 
Esse comportamento que foge à realidade nacional não é novo e ressuscitaria cedo ou tarde após a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
Isso porque o presidente da República é movido pelo revanchismo ideológico, o que o leva a atacar qualquer pauta defendida pela esquerda, em especial pelos sindicatos de trabalhadores. 
É fato que muitos sindicatos são peçonhentos e sobrevivem do peleguismo oficial, mas não se pode colocar a força laboral contra a parede apenas porque o governo assim deseja, apesar dos muitos discursos em favor do liberalismo econômico.
Há anos o UCHO.INFO afirma que o Brasil em dado momento enfrentaria um cenário de quase estagnação em termos de investimentos. Isso porque o inchaço da máquina pública por integrantes da chamada “velha política” levou o País a uma situação próxima da bancarrota. E só não enxerga o caos quem não quer ou aceita ser enganado diariamente.
A taxa de investimento no Brasil, considerando os setores público e privado, alcançou o mais baixo nível dos últimos 50 anos. 
No primeiro trimestre de 2019, a proporção do que o País investe em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 15,5%, cinco pontos percentuais abaixo da taxa registrada nos anos que antecederam a crise econômica (2010 a 2014).
Os dados são de recente levantamento realizado pelos economistas Marcel Balassiano e Juliana Carvalho da Cunha Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). De acordo com Balassiano, a situação foi agravada pela “pior recessão dos últimos 120 anos” (2015 e 2016), mas não se pode ignorar o fato de que em termos históricos o investimento sempre foi baixo no Brasil.
Não foi por falta de aviso que o Brasil chegou à crise econômica que continua fazendo estragos na vida da população. Em diversas ocasiões o UCHO.INFO afirmou que a política econômica adotada pelo PT (leia-se Lula e Dilma Rousseff) era irresponsável e levaria a um cenário de extrema gravidade. 
As apostas petistas para estimular a economia foram marcadas pelo populismo, como se sabe, e o resultado está à disposição para ser conferido.
Apenas a título de comparação, desde os anos 80 pelo menos quatro países latino-americanos (Chile, Colômbia, México e Peru) registraram média de investimento de 22,3% doo PIB. Enquanto isso, no mesmo período, a taxa de investimento do Brasil foi de 18,8%. 
O nível recorde de investimento no Brasil foi de 25% do PIB, alcançado no fim da década de 80.
Nos anos 80 e 90, cerca de 70% dos países investiam proporcionalmente mais do que o Brasil. Em 2018, esse número subiu para 88,4%, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Se o Brasil está no caminho certo é cedo para afirmar, assim como é temerário dizer que Paulo Guedes é gênio, mas não se pode fechar os olhos para a necessidade de adoção de medidas econômicas de curto prazo para que em algum momento essas constatações possam ser feitas.
Todas as propostas apresentadas até agora pela equipe comandada por Guedes são teóricas e carecem de tempo para conferir a eficácia. 
As medidas anunciadas pelo governo são emolduradas pelo fato de o liberalismo econômico ditar o tom do cotidiano, mas é preciso ações de curtíssimo prazo para evitar uma tragédia social sem precedentes na história do País.
O brasileiro vem mudando o hábito de consumo não é de hoje e, concomitantemente, reduzindo as compras de maneira quase assustadora, o que aponta na direção de um terreno de pura areia movediça. 
De nada adianta adotar medidas econômicas no afã de atrair o investidor, se na outra ponta há um governante movido pelo despreparo e que faz das próprias declarações uma usina de desconfiança.
Que ninguém recorra à “síndrome do retrovisor” para culpar os governantes pretéritos pela tragédia presente. 
Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, disse que era o único candidato capaz de resolver todos os problemas do País. Agora, instalado na poltrona presidencial, não adianta culpar terceiros, pois ninguém o obrigou a ser candidato.
Por enquanto, Bolsonaro e seus assessores têm se equilibrado em discurso megalômanos, com direito a ataques sequenciais aos antecessores, como se esse revanchismo ideológico ajudasse o brasileiro a colocar comida na mesa. 
Ou faz-se algo imediatamente para reverter o caos, ou aceita-se a ideia de que Bolsonaro é o famoso “mais do mesmo”: muito palavrório para pouca ação.

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