Fux prefere o silêncio, e XP diz: “Pagamento ou não é acordado em contrato”
Reinaldo Azevedo 26/07/2019 18h45
Eis o entendimento que se tem de "compliance" em Banânia (Holger Scheibe/Corbis)
Por Reinaldo Azevedo, deste blog e da BandNews FM e Leandro Demori, do site "The Intercept Brasil"
Os diálogos reproduzidos nesta sexta integram o lote de informações recebidas de fonte anônima pelo site The Intercept Brasil.
Estão sendo tornados públicos pelo próprio TIB e por parcerias feitas com a Folha, com a Veja, com este blog e com o programa "O É da Coisa", da BandNews FM.
A resposta do procurador Deltan Dallagnol é conhecida: embora não classifique os diálogos de falsos, diz não reconhecer a sua autenticidade e acusa a invasão criminosa de celulares.
Enviamos ao ministro Luiz Fux as seguintes questões:
1) O ministro confirma ter dado uma palestra fechada à XP sobre "Lava Jato e Eleições", no começo de maio do ano passado, conforme afirma representante da empresa em conversa com Deltan Dallagnol?
2) O ministro confirma que havia o compromisso de confidencialidade: o assunto ficaria restrito a investidores nacionais e estrangeiros?
3) A palestra foi remunerada? Qual o valor?
Fux não respondeu nem informou que não iria responder. Preferiu ignorar as perguntas.
Em tempo: sim, a "reunião privada" aconteceu, o que foi confirmado com participantes do evento.
À assessoria de imprensa da XP, foram enviadas as seguintes questões:
1: Na segunda semana de maio de 2018, o ministro Luiz Fux, então presidente do TSE, participou de um evento do que é chamado por uma assessora da XP de "reunião privada" com investidores selecionados sobre o tema "Lava Jato e eleições". Em conversa com Deltan Dallagnol, a assessora lembra o encontro fechado havido com Fux como forma de convencer o procurador a participar de evento idêntico. Ela deixa claro que tais encontros nada têm a ver com as conferências, destinadas a um público mais amplo. Os encontros, a que ela se refere, não podem ser noticiados.
PERGUNTA: A participação do ministro nessa "reunião privada" foi remunerada?
Qual o valor do cachê?
2: No dia 18 de maio de 2018, a assessora da XP informa a Dallagnol, em conversa pelo Telegram, que a empresa pensa em convidar para as mesmas "reuniões privadas" os ministros Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
PERGUNTA: Esses eventos aconteceram? Foram remunerados? Caso tenham ocorrido, qual o valor dos respectivos cachês?
3: No dia 13 de junho de 2018, Deltan Dallagnol participou da "reunião privada" para debater com um grupo selecionado de investidores "Lava Jato e eleições", ocasião em que a empresa deixou, por todo o dia, um Ford Fusion à disposição do procurador, conduzido pelo motorista Maurício. PERGUNTA: Qual o valor do cachê pago ao procurador?
4: Ao fazer o convite a Dallagnol, escreve a assessora: "Além de integrantes do Judiciário, estivemos, nas últimas semanas, com algumas lideranças políticas e cientistas políticos". PERGUNTA: A empresa pode fornecer a lista completa de autoridades dos Três Poderes e do Ministério Público que fizeram parte dessa série de "reuniões privadas"? Nota: não interessam os nomes de pessoas do setor privado (cientistas políticos e outros) que tenham eventualmente participado de "reuniões privadas", apenas os de pessoas ligadas ao poder público.
A assessoria de imprensa da empresa limitou-se a responder o que segue:
"É de praxe que instituições financeiras realizem reuniões exclusivas com autoridades e investidores institucionais com o objetivo de promover debates e discussões pertinentes ao cenário doméstico. O pagamento ou não de honorário é acordado entre as partes por meio de contrato."
Reitere-se: os ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso não participaram dos encontros. Isso, ao menos, a XP poderia ter esclarecido, não?
Veja mais em https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/26/fux-prefere-o-silencio-e-xp-diz-pagamento-ou-nao-e-acordado-em-contrato/?cmpid=copiaecola
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