Guedes avalia criar "imposto do pecado" sobre bebidas alcoólicas, cigarros e doces.
Entre as mercadorias que seriam sobretaxadas, estão refrigerantes, sorvetes e chocolates.
GAÚCHAZH
FOLHAPRESSAlexa Salomão E Luciana Coelho
O chefe da pasta de Economia afirma o termo "imposto do pecado" é uma expressão acadêmica Ciaran McCrickard / World Economic Forum/ Divulgação
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (23) em Davos, Suíça, que pediu à sua equipe a realização de estudos para a implementação de uma nova tributação, nomeada "imposto do pecado".
As taxas seriam aplicadas a bebidas alcoólicas, cigarros e alimentos com adição de açúcar — como chocolates, sorvetes e refrigerantes. A novidade da proposta seria a cobrança do imposto adicional sobre doces, considerados um fator para a obesidade, especialmente a infantil, elevando o risco de desenvolvimento de doenças graves como o diabetes.
— Pedi simulações para, dentro da discussão dos impostos seletivos, agrupar o que os acadêmicos chamam de impostos sobre pecados: cigarro, bebida alcoólica e açucarados. Deram esse nome porque, por exemplo, se o cara que fuma muito vai ter câncer de pulmão, tuberculose, enfisema e, lá na frente, vai ter de gastar com o tratamento, entrar no sistema de saúde. Então coloca um imposto sobre o cigarro para ver se as pessoas fumam menos — disse Guedes em evento no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos.
O chefe da pasta de Economia afirma o termo "imposto do pecado" é uma expressão acadêmica — do inglês "sin tax".
— Não é nada de costumes, Deus me livre — afirmou.
Segundo dados de 2018 compilados pelo Ministério da Saúde, um em cada cinco brasileiros é obeso -recorde no país. A ideia da equipe de Guedes é aproveitar a reforma tributária para fazer a modificação.
O objetivo do governo na reforma é promover a simplificação, reduzindo o número de alíquotas e classificações, bem como as exceções às regras. Como exemplo, o IPI, imposto federal que está na reforma, é um dos mais intrincados. O conjunto de regras chega a ocupar mais de 400 páginas.
Governo não vai enviar sua própria reforma tributária
O governo federal já decidiu que não vai elaborar sua própriareforma tributária, mas enviar sugestões aos projetos que já estão tramitando na Câmara e no Senado.
As duas propostas que estão nas casas já preveem, além do IBS (imposto único sobre o consumo parecido com o IVA), um imposto seletivo para desestimular o consumo de produtos como cigarro, bebidas alcoólicas e armas. A novidade é a inclusão de produtos com açúcar.
Tributação sobre doces é uma nova discussão global. O Reino Unido foi um dos países que adotou o imposto sobre produtos com açúcar, em 2018, com amplo apoio da comunidade médica. O efeito da tributação tem sido avaliada como positivo, mas ainda faltam evidências científicas que mostrem seu efeito para a saúde. Outros países europeus e estados americanos debatem a adoção da taxa.
No Senado brasileiro, já tramita um projeto de lei do senador Rogério Carvalho (PT-SE) para aumentar a tributação especificamente de bebidas açucaradas, apontadas por estudos médicos como corresponsáveis pelo aumento da obesidade e doenças dela derivadas.
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