quarta-feira, 25 de agosto de 2021

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Após Bolsonaro negar a pandemia de Covid-19, o Brasil enfrenta o devaneio econômico de Paulo Guedes.
Por Redação Ucho.Info/24 de agosto de 2021




Em 2018, quando foi apresentado ao eleitorado, o economista Paulo Guedes surgiu na cena política como “Posto Ipiranga”, em alusão ao mote publicitário da rede de postos de combustíveis homônima. 
De lá para cá, Guedes fez declarações absurdas e deixou a desejar em termos de soluções para uma economia mergulhada na crise. Ou seja, o ministro da Economia, que de início encantou o mercado financeiro, mostrou-se um fiasco.
Sempre pronto para arrumar desculpas para os problemas econômicos enfrentados pelo País, Paulo Guedes tenta tratar com normalidade aquilo que está a léguas de distância de ser normal. Com quase 15 milhões de desempregados, mais de 20 milhões de trabalhadores subutilizados, 19 milhões de famintos e 72,9% das famílias endividadas. 
Se um cenário como esse pode ser considerado normal, que Guedes explique o que é anormalidade.
Por questões óbvias – também por causa de uma vaidade torpe –, Paulo Guedes jamais reconhecerá o fracasso na condução da economia. 
Tanto é assim, que o ministro considera que a inflação oficial entre 7% e 8% está “dentro do jogo”. 
Guedes usa como justificativa o fato de outras economias enfrentarem índices inflacionários semelhantes. No acumulado dos últimos doze meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 8,99%. No mesmo período, a inflação dos alimentos ultrapassou a casa de 25%.
“A inflação sobe um pouco, todo mundo fala em descontrole. Não é descontrole, a inflação está subindo no mundo inteiro”, afirmou Guedes durante evento virtual promovido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “A inflação americana vai ser 7% neste ano, a nossa ser 7%, 8%, estamos dentro do jogo”, completou o ministro.
Paulo Guedes é um especialista em declarações estapafúrdias, mas é preciso lembrá-lo que o brasileiro não mora nos Estados Unidos. Para se ter ideia do alargamento da crise social que aflige a população, durante a pandemia de Covid-19 o número de bilionários brasileiros saltou de 45 para 65, repetindo o que aconteceu ao redor do planeta.
Em um dos poucos debates eleitorais de que participou, em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro disse ser o único capaz de solucionar os problemas do País. 
Passados três anos da falaciosa declaração, a economia brasileira cambaleia à beira do precipício.
Com o salário mínimo valendo míseros R$ 1.100,00, é impossível falar em retomada econômica, principalmente porque dois terços dos brasileiros recebem menos que R$ 2 mil mensais. 
Apenas a título de comparação, na maior cidade brasileira, São Paulo, o preço da cesta básica está em R$ 1.064,79, ou seja, quase o valor do piso salarial vigente. Sem contar o litro da gasolina que é vendido a R$ 7 e o botijão de gás, a R$ 100.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em junho passado o salário ideal para uma família de dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 5.421,84. 
Resumindo, o salário mínimo é de aproximadamente 20% do ideal.
Não bastasse o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia do novo coronavírus, o brasileiro é obrigado a conviver com o negacionismo econômico de Paulo Guedes, que se recusa a enxergar a realidade como de fato é. 
Enquanto isso, o Congresso Nacional se movimenta para aprovar um fundo eleitoral bilionário, já que Bolsonaro vetou os R$ 5,7 bilhões previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Por outro lado, com interesse meramente eleitorais, o governo está disposto a parcelar o pagamento dos precatórios para garantir recursos para o programa Auxílio Brasil, novo nome do Bolsa Família. 
Essa manobra configura contabilidade criativa ou “pedalada fiscal”, o que por si só é crime de responsabilidade. 
Diante da dificuldade de emplacar a ideia, Paulo Guedes ameaça com o não pagamento dos salários dos servidores dos três Poderes. Talvez o ministro desconheça o significado de “despesas obrigatórias”.

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