sábado, 26 de janeiro de 2013

SÁBADO.


Hoje, na minha terra, o tempo está saudável. 
Digo saudável, porque mostrando-se de um modo que faz muito bem ao organismo das pessoas.
Nem chuva, nem sol escaldante, mas de vez em quando uma aragem percorrendo de um lado para outro, toca-nos suavemente e nos empresta uma sonolência tão gostosa que nos faz agradecer esse prazer.
Em todos os quintais, as roupas lavadas secam ao sol.
Não há movimento junto ao cemitério local; sinal de que ninguém morreu.
Se nasceu alguém, foi longe daqui, pois na minha terra não existe Maternidade e as parteiras estão proibidas de atuar.
Minha avó teve uma dúzia de filhos.
Minha mãe teve oito. 
Todas utilizaram-se dos préstimos das parteiras.
Sem elas, foi ficando mais complicado dar à luz na minha terra e em outros lugares também.
As mulheres grávidas estão tendo seus filhos pelos corredores e banheiros de hospitais, quando não na rua onde muitas delas já aproveitam o evento fortuito para ensacar e jogar como se fosse absorvente num lixo qualquer.
Às vezes, sabe de uma coisa?
Até me parece que aquele tal de fórceps veio para matar um pouco dos neurônios contidos no cérebro das nossas crianças.
Tenho a impressão de que a saúde mental das gerações pós-parteiras, à medida que o tempo passa, posta-se num estágio tal que atrasa progressivamente a vida em sociedade.
Macacos nos mordam!
Hoje, as crianças tem dificuldade em assimilar ensinamentos, não tem interesse por qualquer assunto que demande atenção,  concentração ou capacidade motora, são limitadas na atividade criativa e não encontram motivação para nada que não seja estimulado pelo ambiente exterior.
E, como se não bastasse nascerem feito loucas e desmioladas, agora parecem marionetes.
Cada vez mais cedo, vão as crianças copiando tudo o que os adultos fazem.


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