Tome um grupo de cem brasileiros entre 15 e 64 anos. Desses, apenas 26% dominam plenamente o uso da língua portuguesa – capazes de ler e interpretar textos mais complexos – e a realização de cálculos matemáticos básicos. O restante do grupo se divide entre aqueles que possuem conhecimentos básicos (47%), rudimentares (21%) e analfabetos (6%). A preocupante constatação do baixo percentual de brasileiros plenamente aptos surge do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), publicado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa.
De acordo com os técnicos que coordenaram a pesquisa, apenas quem tem o pleno domínio dessas duas habilidades atende a condição imprescindível para a inserção plena na sociedade letrada. Ou seja, da população brasileira, nada menos do que 145 milhões de pessoas não têm condições de participar como cidadãos ativos. Isso porque a falta da educação básica é o motor de um círculo vicioso de exclusão social e baixa qualificação profissional. Somente quem está preso nele sabe o quão frustrante é a vida de um analfabeto. Os outros podem apenas imaginar...
Luiz Gonzaga Bertelli
Correio de Itapetininga - edição 409
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