É desesperador preparar uma refeição trivial quando não se tem a devida prática necessária.
Acho que estou obcecado pela cebola frita no óleo antes de colocar qualquer coisa na panela. Algo como uma tentativa desesperada de conferir algum outro sabor que não apenas o do próprio alimento preparado e o do sal.
Hoje, se Deus fosse criar algum outro mundo e me pedisse um palpite, um único palpite, eu diria: “Frite bem a cebola, depois refogue qualquer coisa junto com ela, qualquer coisa”.
Não há como um homem inexperiente nas tarefas domésticas, um recém iniciado na carreira “do lar” sentir segurança diante de um fogão e com a pressão do compromisso de preparar o jantar para quatro bocas famintas, incluindo a própria.
Nada sai ao tempo que prevemos: a cebola que frita para receber o arroz na panela torra, a água pode ser insuficiente ou demasiada, o mesmo arroz pode ficar duro ou papa, e pode queimar também, claro; é como se ele, o arroz, tivesse uma vocação e vontade própria.
E, por alguma razão misteriosa, tenho a impressão de que tudo neste universo queima no fogão. Tudo.
E quem nunca queimou o feijão enquanto terminava uma partida de videogame, que atire a primeira pedra.
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