quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AS DUAS PANELAS

Esta é a fábula das duas panelas.
Consta do livro "Fábulas", do grande escritor Monteiro Lobato.
Vamos lá:
Duas panelas, uma de ferro, orgulhosa, outra de barro, humilde, moravam na mesma cozinha; e, como estivessem vazias, a bocejarem de vadiação, disse a graúda:
-- Bela tarde para um giro pela horta! A cozinheira não está, e até que venha teremos tempo de dizer adeus à alface e fazer uma visita aos repolhos. Queres ir?
-- Com todo o prazer!... respondeu a panela de barro, lisonjeadíssima da honrosa companhia.
- Dá-me o braço então, e vamo-nos depressa antes que "ela" venha.
Assim fizeram e lá se foram as duas, desajeitadonas, gingando os corpos ventrudos, cheias de amabilidades para com as hortaliças.
-- "Bom dia, dona Couve!".
-- "Comendador Repolho, como passa?
-- "Coentrinho, adeus!"
No melhor da festa, porém, a panela de ferro falseou o pé e esbarrou na amiga.
-- Ai que me trincas! exclamou esta.
-- Não foi nada, não foi nada... 
Uns passos mais e novo choque.
-- Ai que me desbeiças, amiga!
-- Em casa arruma-se, não é nada.
Minutos depois, terceiro esbarrão, este formidável.
-- Ai! Ai! Ai! Fizeste-me em pedaços, ingrata!... e a mísera panela de barro caiu por terra a gemer, reduzida a cacos.

POIS É OU NÃO É?
SEMPRE QUE O FRACO SE ASSOCIA AO FORTE, SAI TRINCADO, DESBEIÇADO, DESPEDAÇADO...

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