segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

ACERCA DO PACOTE DE MORO

Por: Reinaldo Azevedo-
Publicada:04/02/2019 - 8:03


Leonardo Nascimento ao deixar a cadeia: não fosse a família fazer o trabalho da polícia, teria ficado na cadeia. 
Negro e pobre, talvez lhe restasse, no modelo de Moro, a “barganha”.
Querem um exemplo recente no Brasil? 
Como esquecer o caso de Leonardo Nascimento, preso no dia 16 de janeiro, no Rio, acusado de ter matado Matheus dos Santos Lessa, durante o assalto a um mercadinho? 
Leonardo chegou a ser reconhecido por outras vítimas do assalto. 
A Polícia Civil do Rio estava absolutamente convicta da autoria. 
Os familiares do rapaz preso não se conformaram e foram eles próprios, não a autoridade policial, em busca de imagens de câmeras de segurança que evidenciavam ser impossível Leonardo ser o culpado porque, na hora em que Matheus foi morto, ele estava comprovadamente em outro lugar. 
O rapaz deixou a cadeia uma semana depois. 
O que ele tinha em comum com o verdadeiro assassino, que foi preso? 
Ambos são negros e jovens. 
O reconhecimento foi feito por brancos. 
Não! O racismo não está em quem fez o reconhecimento. Está entranhado no sistema. 
Afinal, num país secularmente desigual, com tantos “pobres de tão pretos e pretos de tão pobres”, todos “os escuros” se parecem, certo?. 
Estivesse em vigência o modelo de “plea bargain” e não fosse a família de Leonardo tão diligente, teria restado ao rapaz um acordo: aceitar a redução da pena, admitindo ser o criminoso que não é, em troca da redução da pena. Resolveria o problema da Justiça, de juízes, da Secretaria de Segurança etc. E teria sua vida destruída. 
“Ah, mas o modelo que a gente tem aí também permite esse tipo de coisa…” 
É verdade. 
Afinal, como vimos, a polícia atua mal, a investigação é precária, faltam defensores públicos. E apenas 8% dos homicídios no Brasil são elucidados. 
Como é muito complicado e caro resolver isso tudo, por que não optar pela solução mágica do prestidigitador Sérgio Moro? 
Já que não se consegue investigar, por que não propor que os acusados assumam as culpas, sejam culpados ou inocentes? Muita gente vai achar a proposta o “ó” do borogodó.

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