Por: Reinaldo Azevedo/Publicada: 23/02/2019 - 7:08
Manauel Zelaya na embaixada brasileira em Honduras: interferência indevida.
Este sábado será importante para definir o destino do pobre povo venezuelano, mas também o tamanho do vexame do governo brasileiro nessa crise. É importante destacar: com menos de dois meses, a gestão Bolsonaro conseguiu ser reprovada com méritos em seu primeiro teste internacional. O Itamaraty está entregue a patetas. Fico muito à vontade para falar porque critiquei duramente a condução que governos petistas deram à crise em Honduras, em 2009, e no Paraguai, em 2012.
Lembro: os então presidentes desses países — os esquerdistas Manuel Zelaya e Fernando Lugo — foram depostos em processos de impeachment absolutamente legais e constitucionais. No primeiro caso, Lula se uniu a Chávez para tentar reentronizar Zelaya no poder. Lembre-se adicionalmente: não era apenas um palhaço da chavismo (oriundo da direita, diga-se); era também maluco de pedra. Refugiou-se na embaixada brasileira, com o apoio explícito do governo Lula, e de lá tentou organizar uma resistência civil armada. Deu tudo errado.
No caso do Paraguai, Dilma e Cristina Kirchner decidiram não reconhecer o impeachment de Lugo. Juntas, manobraram para que o Paraguai fosse afastado do Mercosul. Aproveitaram, então, a falseta para admitir a Venezuela. Era um escárnio: o “Protocolo de Ushuaia” impede que ditaduras de associem ao bloco e exige que o Parlamento de seus respectivos membros aceite a adesão. O Senado Paraguaio se negava a aprovar o ingresso da Venezuela. As duas senhoras deram um golpe: com a suspensão do Paraguai, admitiram a Venezuela. A hipocrisia da dupla atingia o topo: afastaram no bloco uma democracia, o Paraguai, para admitir o ingresso de uma ditadura: a Venezuela.
Nos dois casos, e vocês podem recorrer ao Google para saber o que escrevi a respeito, bati duro nos petistas. Que, como se sabe, continuam a dizer absurdos sobre a Venezuela: uma coisa é condenar a atuação do governo brasileiro na crise, tornando-se mero caudatário dos EUA. Outra, muito distinta, é empenhar apoio a um governo ditatorial e assassino.
Ah, sim: eu não me opus ao comportamento dos governos do PT porque Zelaya e Lugo eram esquerdistas, o PT também, e eu não. O meu fundamento era o princípio da não intervenção na política interna de outros países. O mesmo que aplico agora.
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