O Assunto #444: Cloroquina para os indígenas
A CPI recupera denúncias que vêm desde o ano passado de que a gestão Bolsonaro prescreveu e distribuiu o 'kit-Covid', com medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid, para aldeias indígenas na Amazônia.
Por Renata Lo Prete/04/05/2021
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As denúncias vêm desde o ano passado, mas agora ganharam visibilidade, e o motivo tem três letras: CPI.
A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado vai investigar, apenas nessa seara, 15 potenciais erros da gestão Bolsonaro, entre eles distribuição e prescrição de medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19.
“Um pessoal de Brasília foi à terra yanomami e levou 3 mil quilos de cloroquina”, recorda Junior Hekuari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indigenista Yanomami e Ye’kuana, sobre a comitiva oficial que visitou a etnia no meio de 2020.
Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que, embora o governo tenha mais tarde alegado que o objetivo era tratar malária, a recomendação real era para dar o remédio a qualquer um que apresentasse suspeita de infecção pelo novo coronavírus. “Foi totalmente marketing”, diz Junior.
Participa também Daniel Biasetto, repórter do jornal O Globo que localizou documentos públicos em Vilhena (RO), distrito responsável por 144 aldeias da Amazônia Legal, orientando explicitamente o tratamento com o chamado “kit covid”.
Daniel exemplifica com o caso de Aruká Juma, que era o último homem de sua etnia e foi vítima da doença.
“Tudo indica que Aruká morreu por negligência no tratamento”, diz.
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