Em meio ao avanço acintoso do Centrão sobre o governo, a Bolsonaro restará apenas o populismo barato.
Por Redação Ucho.Info/26 de julho de 2021.Presidente nacional do Partido Progressista, o senador piauiense Ciro Nogueira depende de uma conversa com Jair Bolsonaro para acertar os detalhes de sua nomeação como ministro-chefe da Casa Civil.
De férias no México, Nogueira deveria reunir-se com o presidente da República nesta segunda-feira (26), mas um atraso no voo com destino ao Brasil comprometeu sua chegada à capital federal e mudou a agenda palaciana.
Bolsonaro deve reunir-se com o senador do PP na terça-feira, sendo que a solenidade de posse está agendada para quarta.
A decisão de ampliar a participação do Centrão, entregando o comando da principal pasta do governo a um dos líderes do bloco, aumenta dependência de Bolsonaro em relação ao que há de pior na política brasileira.
Isso porque o Centrão faz da atividade parlamentar o que definimos como proxenetismo político.
Não faz muito tempo, o próprio presidente satanizou o bloco parlamentar.
A chegada de Ciro Nogueira à Casa Civil e a cobrança do Centrão pela recriação do Ministério do Planejamento mostra que o governo de Jair Bolsonaro está perto do fim, sem jamais ter começado na prática.
Até porque, desde 1º de janeiro de 2019 o País deu largos passos na direção do atraso, enquanto o presidente golfava sandices por todos os lados.
Bolsonaro acredita que a cooptação dos centristas proporcionará reforço político ao governo no Congresso Nacional, não sem antes impedir o avanço de um processo de impeachment, mas é puro engano.
Basta ver o que aconteceu com a então presidente Dilma Rousseff, que até momentos antes do processo de impedimento contava não só com o apoio do Centrão, mas também e principalmente de Ciro Nogueira, que já chamou Bolsonaro de “fascista”.
No contraponto, o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), é pauta que deve garantir parcas doses de tranquilidade de lado a lado.
O presidente afirmou publicamente que vetaria o fundo eleitoral “em respeito ao contribuinte e ao trabalhador”.
Pressionado nos bastidores, Bolsonaro já fala em reduzir o valor do “fundão” para R$ 4 bilhões, o dobro do que foi destinado às eleições municipais de 2020.
Ao menos um tema, entre outros, colocará Bolsonaro e o Centrão em lados opostos: o voto impresso, defendido pelo presidente sob a alegação de que as urnas eletrônicas são passiveis de fraude. Onze partidos políticos no Congresso já fecharam questão em relação ao voto impresso, inclusive o PP de Ciro Nogueira.
O sonho de Bolsonaro avançou no campo do pesadelo depois da ameaça feita pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que fez eco à eventual não realização das eleições de 2022.
Esse ensaio de um possível golpe foi a pá de cal que faltava para sepultar a PEC do voto impresso, o que deve acontecer no início de agosto, após o fim do recesso parlamentar.
Além disso, mesmo na eventualidade de a tal PEC ser aprovada, não há tempo hábil para implantar o sistema, que na verdade permite fraudes eleitorais.
Enquanto se joga no colo do Centrão, Bolsonaro pode estar articulando uma forma de, contestando o resultado da eleição presidencial do próximo ano, justificar uma derrota nas urnas cada vez mais clara no horizonte político.
Isso merece atenção redobrada por parte dos cidadãos de bem e comprometidos com o ambiente democrático.
O objetivo do presidente é repetir no Brasil a epopeia bandoleira incentivada por Donald Trump que terminou na invasão do Capitólio.
Aqui no Brasil, as instituições ainda funcionam, apesar de a democracia e o Estado de Direito serem açoitados diariamente, mas a população não pode viver em permanente sobressalto nem aceitar delinquência dos centristas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário