terça-feira, 19 de abril de 2022

DESCONTROLE E IGNORÂNCIA

 

Brasileiros devem estar atentos ao descontrole do golpista Jair Bolsonaro e seus aduladores de plantão
Por Redação Ucho.Info/18 de abril de 2022



Na corrida presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou que o então candidato Jair Bolsonaro, se eleito, tentaria em algum momento aplicar um “cavalo de pau” na democracia. Isso foi tentado mais de uma vez, sendo que na comemoração do 7 de Setembro, em 2021, a investida golpista fracassou.
Diante de uma derrota cada vez mais possível na eleição de outubro próximo, Bolsonaro resolveu levar o próprio discurso para os limites do autoritarismo, postura que conta com o apoio dos golpistas do governo, como Augusto Heleno e Walter Braga Netto, este último cotado para candidato a vice na chapa encabeçada pelo presidente da República.
Quando alertávamos para as ameaças à democracia, a horda bolsonarista os atacava de maneira sórdida, como se estivéssemos a narrar alguma novidade. O desmedido apreço de Bolsonaro pelo golpe é algo a ser acompanhado de perto, pois vem sendo reforçado pelas “viúvas” da ditadura militar.
No último dia 31 de março, data em que o golpe militar completou 58 anos, o então ministro Walter Braga Netto (Defesa) afirmou na ordem do dia, lida nos quarteis de todo o País, que a ação foi “um marco histórico da evolução da política brasileira”. Somente quem ignora a história é capaz de acreditar em tamanha sandice.
“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”, escreveu Braga Netto.
Há dias, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho “03” do presidente, usou as redes sociais para debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura. Não contente, o “fritador de hambúrguer” afirmou que tinha dúvidas a respeito da tortura sofrida por Miriam, pois não há relato de testemunhas ou fotos da sessão de horrores.
Na última sexta-feira (15), o general da reserva Newton Cruz, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e responsável pelo atentado no Rio Centro e acusado de envolvimento da morte de Alexandre von Baumgarten e de sua esposa, Janete Hansen. Junto com um barqueiro, o casal foi sequestrado na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, e assassinado em alto-mar. O corpo de Baumgarten foi encontrado três dias depois na Praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes, com três tiros na cabeça e um no abdômen. Os corpos de Janete e do barqueiro não foram encontrados.
No domingo (17), a jornalista Miriam Leitão publicou em sua coluna no jornal “O Globo” trechos de áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) em que militares relatam casos de tortura nos pores da ditadura. Ao todo, são mais de 10 mil horas de gravações, e os áudios foram analisados pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nesta segunda-feira (18), ao chegar ao Palácio do Planalto, o vice Hamilton Mourão foi questionado por jornalistas sobre os mencionados áudios e reagiu com deboche. “Apurar o quê? Os caras [militares e agentes das polícias que realizaram sessões de tortura] já morreram tudo [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, afirmou Mourão sobre os torturadores.
Mourão não é vice de Jair Bolsonaro por acaso, apesar de ter sido a última escolha do presidente para montara chapa em 2018. Hamilton Mourão, que sempre tentou se distanciar dos devaneios totalitaristas de Bolsonaro, já foi alo de nossas críticas por não convencer. Quem aceita ser candidato a vice na chapa liderada por um adorador de torturadores não tem pensamento destoante.
É importante lembrar que Jair Bolsonaro não perde uma só chance para exaltar a memória do torturador-geral da República, o facínora Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi do II Exército, em São Paulo.
Somente quem conheceu os subterrâneos dos anos de chumbo sabe o que os atuais donos do poder são capazes de fazer caso continuem a comandar a nação por mais quatro anos. Sempre afirmamos que Bolsonaro levaria o País ao retrocesso e ao obscurantismo, mas parte da opinião pública entendeu ser exagero de nossa parte. O tempo, mais uma vez, mostrou-se como senhor da razão.
No último final de semana, Bolsonaro afirmou que se os representantes do WhatsApp no Brasil podem fazer um acordo com ele, já que firmaram acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente que discutir com os representantes do aplicativo os moldes do acordo com o TSE.
Nesta segunda-feira (18), o presidente voltou a atacar o TSE e a colocar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas, as mesmas que garantiram ao clã presidencial inúmeras eleições. “O grande problema que a gente tem é o Tribunal Superior Eleitoral. Virou lá um grupo fechado, TSE futebol clube. O que se fala é lei”, disse.
Para agradar a súcia de apoiadores, Bolsonaro foi além e desafiou o ministro Alexandre de Moraes, que presidirá a Corte eleitoral durante o período de eleições. “Há poucas semanas o Alexandre de Moraes falou que quem desconfiar do processo eleitoral vai ser cassado e preso. Ô, Alexandre, eu estou desconfiado. Vai me prender? Vai cassar meu registro? Que democracia é essa? Nós podemos desconfiar de tudo, quando desconfia a gente aperfeiçoa”, acrescentou.
Bolsonaro tenta camuflar a essência golpista com um discurso supostamente em favor da democracia e do direito à liberdade de expressão, que, vale ressaltar, não é absoluto. Liberdade de expressão não é senha para o cometimento de crime.
Não se deve esquecer que Bolsonaro já prometeu repetir no Brasil o que o bufão Donald Trump patrocinou no Congresso norte-americano após ser derrotado pelo democrata Joe Biden.

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