quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

BEM MAL ME QUERES


                                                
A natureza leva em média quatrocentos anos para formar um centímetro de solo. Levará na certa metade deles para contemplar o nascimento de um político que seja honesto para com seu eleitorado ou para com sua própria consciência. 
Filiado à categoria dos maníacos como os doentes ou os bêbados, o político traveste- se, 
ora de cavaleiro filantrópico, ora como o mais mefistofélico dos mortais. 
Ciente que a maioria dos eleitores é despolitizada, que não sabe nem ao menos o que seja essa tal Democracia. Mas será que ela realmente existe? Não seria apenas uma palavra bonita? 
Pondo-se sempre em cima do muro, o político se acostumou com a massa e a massa com seu nome, com o riso dele, com a família dele. 
O que causa compaixão é saber que o eleitor do mais longínquo rincão destas terras brasileiras é constantemente convocado para votar, pois taxam de obrigatório esse ato de pura cidadania e magia poderosa o fato de escolher candidatos, e permanece à mercê das promessas dos homens, esperando pelo futuro, geração após geração. 
Será que os pastores estão sem razão quando afirmam que o futuro só a Deus pertence? Será que o futuro não seria a palavra chave para se ganhar uma eleição quanto uma alma? 
Então, dos futuros, um carnal, outro espiritual, em qual deles acreditar? 
Será que vivemos no mundo da carne? Será que o mundo espiritual nos levará às profundezas do inferno algum dia? Ai, que futuro cruel! 
Todavia, esse futuro prometido pelos políticos está destruindo o futuro da verdade, pelo menos para o pequeno agricultor e para aquele que gosta da roça. 
Que fim levou aquele caipira que pegava cobras, que fumava cigarrinho de palha, que cuspia no chão, que cozinhava em fogão de lenha, que assava milho na brasa? 
Que fizeram com ele? 
Ludibriaram o coitado, trouxeram-no para morar na cidade, morrer à míngua com a filharada. 
Dirão alguns: ‘ É o progresso!’. 
Qual! 
Trouxeram o caipira para morar nos casebres da zona urbana, encaixando-o na Assistência Social, uma beleza de tratamento! 
Encurvaram-no nas filas do INSS ou do Posto de Saúde à espera de um médico, ou esmolando aos vereadores corruptos para poderem pagar seus aluguéis, a conta de água, a conta de luz, o botijão de gás, a escola das crianças. 
Como custear os sonhos das filhas mocinhas, dos rapazes despontando para a vida, se não vendendo e ensinando a vender o voto e a dignidade, o brio e o nome? 
Reforma agrária? 
Quem está pensando nisso? 
O caipira em si mesmo é que é a principal ferramenta humana dos políticos, desde aquele que se inicia no ramo até o mais experiente deles. 
O caipira não pode é ter interesses objetivos. 
Ele tem sempre que acreditar que haverá um dia um político que baterá na sua porta e mudará sua história e a de sua família. 
Só que ele não imagina quando. 
Então, continua votando. 
Pode ser agora. 
Ou nunca. 
Você sabe quando? 


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