Já dizia Ruth
Escobar, quando deputada em 1.990, que nós ‘ somos todos jacarés’.
Para escapar de
nossos salvadores temos de afundar num lodaçal químico-orgânico que parece ser
o último refúgio dos que recusam a salvação domesticada e o sucesso sem glória.
Para sobreviver, haveremos de disputar com os miseráveis a carne caída no rio.
De nós, querem apenas o couro.
E continuam assim
querendo o nosso couro.
Se uma sociedade não
se transforma apenas por meio de leis, e estas leis nada são sem os ideais,
como transformar a atual sociedade?
Será necessário,
antes de tudo, trabalhar sobre a inteligência e sobre a consciência dos
indivíduos.
Mas como estão sendo
educados esses novos indivíduos?
Estarão recebendo
recursos do Estado para que possam despertar suas verdadeiras aptidões, ou
sendo levados para um caminho vazio, o qual não subsidiará quaisquer futuros
projetos pessoais?
Será mesmo que o
pessoal está sendo colocado nos programas de educação de massa?
No Brasil apenas se
passa o tempo.
Parece que no país
da bola, tudo tem conserto.
Cada santo tem o seu
andor... E olha que os santos são muitos.
Vivemos numa terra
abençoada, dizem, só porque aqui não há guerra declarada. No entanto, guerra se
vê em cada esquina, em cada escola, em cada lar desestruturado.
O povo brasileiro não
se entope de tanto circo e pão, pois com pão e circo, dizem os políticos, ‘o
populacho ficará dócil por muitos e muitos anos.’
E como tem razão!
A Economia, afirmam,
vai melhorar ou vem melhorando como jamais se viu e a Mídia passa a notícia
mesmo sem nenhuma verdade.
No Brasil, os políticos
dão batidinhas nas costas, numa espécie de assédio, quando na realidade estão
pensando mesmo é no aumento dos seus próprios ganhos, da noite para o dia,
filhos no exterior, lavagem de dinheiro, dólares escondidos nos bancos
‘suiços’, num ‘dane-se’ para quem consegue viver, aliás, sobreviver com o
mínimo do salário mínimo. E não será realmente herói esse pobre sobrevivente?
Os homens do poder
tem os melhores médicos e hospitais até para sua unha encravada.
Um dia, deram o
poder de voto aos analfabetos.
Para que?
Dão o poder do voto,
mas em contrapartida não oferecem nem comida, nem teto, nem saúde, respeito,
muito menos.
Brasil, país das
maravilhas, das delícias. Da emoção no carnaval, da fé no deus chamado futebol,
do dinheiro com cores diferentes para que os analfabetos não confundam as
cédulas, daquele chefe político que assim respondeu a um padre: ‘Meu caro e bom
frade, o senhor entende de pecado só na Religião. De outros pecados, o senhor
não sabe nada. Em Política, uma verdade consagrada é que pecado mortal é perder
eleição’.
Somos, Ruth, todos
jacarés, você disse bem.
Não tem problema se
o presidente Lula presenteia o maior ditador do século com um inocente carrinho,
nem se o projeto Fome Zero Mundial contenha alguns milhões dos nossos reais.
Aquela gente do
sertão, como é que vai ficar?
Aquela gente que nem
vai ficar sabendo disso?
O verdadeiro papel
do brasileiro parece que será sempre o de ser estimulado a viver um novo sonho,
uma nova espera a cada dia, pois o sonho não pode acabar.
Digo o sonho do
povo.
O povo tem que ser
mantido sempre no sonho.
Nisso, até a Mídia
auxilia.
Povo tem que fugir
dos fantasmas, como se fosse filho de Deus destinado a ser sempre feliz.
Quando é que haverá
tempo para aplicarmos à inteligência, a nossa inteligência, se a luta é
desumana?
Ora, a luta é
desumana e inócua, porque todos os cérebros ‘inteligentes’ procuram agasalho ou
já estão agasalhados sob as asas dos poderosos, dos donos dos ‘jacarés’.
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