Hoje também ganhei do F. Silva, um exemplar do extinto jornal SMA News, de quase quinze anos atrás.
Vou aqui repassar o texto intitulado Stop News, na "Coluna do Sacomé", que não sei quem é, mas que retrata perfeitamente como era a vida dos funcionários públicos em São Miguel Arcanjo sob a administração de Luiz Gonzaga Albach.
"MONTADO A CAVALO CORTANDO O ESTRADÃO"
Cocho número 1: Eu bem que avisei as mariposas, os mauricinhos, o pessoal do fumacê... Eu disse que nada iria mudar. O Sacomé tem a boca seca. Pode até ter mudado para alguns, mas a maioria ainda vai chorar muito leite derramado. De quem eu estou falando ? Do Homão, uai!
Cocho número 2: Trovinhas sacomenses. Como estamos no mês de fevereiro e em ritmo de carnaval, iniciamos a nossa trova com uma marchinha propícia e alvissareira: "Chiquita bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica".
Deu pra entender? Sacô? Se não sacô... Sacomé. Então, escute esta: "Ó abre alas que eu quero passar, eu sou da turma do bota pra carpir, eh, eh, eh, eh... Eu sou uma enxada para você morrer de rir, ih, ih, ih, ih,, ah, ah, ah!"
Cocho número 3: O poeta já dizia em seus versos - "Minha terra tem enxada pra carpi o matagar, as enxada que aqui carpem, não carpem em outro lugar". Também quem mandou votar no "home"? Seu destino é capinar.
E LÁ VAI O BURRO PELA ESTRADA DO SERTÃO.
Cocho número 3: Dizem que de agora em diante o ramo de tirar carta de motorista vai ter uma queda acentuada e as Auto-escolas irão ficar a ver navios. Explico: falam que primeiramente o varredor tem que tirar carta de motorista, depois ele é colocado no cabo da enxada. Vige Maria! Se a moda pega! Podes crer que ninguém mais vai querer tirar carta de motorista.
Cocho número 4: SEGURA PEÃO! Pelo menos a parte de rodeio da festa da uva deve dar Ibope, pois os astros da música são fraquinhos para quem já recebeu duplas famosas e artistas de renome internacional. Infelizmente, quem fez o critério da escolha dos tais astros ou é cego, surdo, ou na palavra exata da concepção linguística não entende niente, não enxerga patavina nenhuma e anda com as orelhas cheias de cera. Será?
Cocho número 5: FIZEMOS A ÚLTIMA VIAGEM. FOI LÁ PRO SERTÃO DE GOIÁS. Trovinha sacomense: "Chegou um cara engraçado e falou:
- Vá capinar!
Me deu uma baita enxada e começou a gargalhar.
Eu falei:
- Que é isso, cara? Sou motorista profissional; se pegar em cabo de enxada, acho que vou carpir mal.
Mas o cara era insistente, passou a bola ao chefão, recebi advertência e de presente um enxadão.
Fiquei fulo da vida, não aceitei a missão, me deixaram a pão e água sentado no barracão. Sorte que não votei nele e nem no chefe vilão; manti a dignidade, sou chofer de caminhão".
Cocho número 6: E como o assunto é enxada, o poeta dos outeiros por certo gostaria desta versão poética: Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava alguém carpir, com enxadas, com enxadas prateadas para o meu, para o meu bem vomitar (êpa! Errei na rima...)
E para finalmente comer no cocho, pois nem todo animal é de ferro, mesmo sabendo que o burro leva ferro (no casco), pois diz o ditado quem com ferro fere com ferro será ferido (não é mesmo, Guina e Baitaca?), o Sacomé traz com exclusividade para o News a triste história de uma enxada.
O nome dele era Zé da Pindaíba, não sei das quantas, um roceiro por excelência, homem honrado que labutou por muitos anos na roça e um dia resolveu sair do campo e na cidade grande iria ser motorista.
Foi, viu e venceu.
Conseguiu a sua tão sonhada carta de motorista e gritou aos quatro cantos do município:
- Tô habilitado! Tô habilitado!
Desse dia em diante, o Zé da Pindaíba encostou sua velha enxada num canto da parede e tchau mesmo.
Agora era só dirigir caminhão.
Acontece que pairou uma nuvem negra no céu e Pindaíba caiu na desgraça.
Chegou um misterioso inquisidor e lascou uma sentença para todo mundo, inclusive para o Pindaíba:
- Vai pegar no cabo da enxada!
Pindaíba deu um salto para cima e exclamou:
- Tu tá doido, lacaio. Eu sou concursado, tenho meus direitos, sou motorista classe A. Além do mais, eu não estou a par dessa nova lei que diz que para carpir tem que ter carta de motorista
Quiseram então dar uma vassoura em vez da enxada e daí a coisa piorou mais ainda, pois o Pindaíba ficou fulo da vida e queria porque queria varrer a cabeça do cupinchão que saiu correndo para não ver a cabeça rolar ribanceira abaixo.
Dizem que hoje em dia a ferramenta mais popular no município tem o nome certo: ENXADA.
QUEM TEM MEMÓRIA, POR CERTO SE LEMBRARÁ DESSA ÉPOCA!
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