quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

LAVA, LAVA, LAVADEIRAS!


                                     
De novo, logo vem aí o dia 08 de março.

Dia Internacional da Mulher. 
E nós, mulheres brasileiras, ainda não ganhamos o nosso Estatuto, a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Estatuto do Idoso, para nossa proteção diante de uma sociedade cada vez mais doentia. 
O Projeto de Lei 1.399 tramita há três anos em Brasília. 
Mas o que mudaria em nossas vidas? 
Estaríamos sujeitando o SUS à gratuidade nos exames de prevenção ao câncer de mama, do colo do útero, da hipertensão, bem como teríamos direito a programas de acompanhamento do pré natal e perinatal, além de programas de orientação, distribuição de medicamentos e dispositivos contraceptivos. 
O atendimento á mulher chefe de família, à mãe solteira, à mãe soropositivo e às portadoras de necessidades especiais teriam prioridade. 
Etc, etc. 
Mas a mulher é muito mais do que um corpo que mereça proteção contra doenças e maus tratos domésticos. 
Certa vez, acompanhando a apuração das escolas de samba no Rio de Janeiro, e constatando a somatória de pontos da infeliz escola da Rocinha, me veio à cabeça a imagem de dona Amélia Molina Bastos, ex - professora primária que, ao ouvir, em meados de 1.962, seu marido conversando com alguns líderes anticomunistas, já desanimados pela ameaça comunista, ela que residia na Rocinha (o ponto especial do ataque dos ‘vermelhos’ eram as favelas), e concluindo que “A política se havia tornado demasiado importante para ser deixada inteiramente nas mãos dos homens”, formou o primeiro Centro da Campanha da Mulher pela Democracia. 
Pelo telefone, tentou falar com Roberto Marinho; não conseguiu, e até ouviu, do outro lado da linha, o sarcasmo. 
Ora, de que valeriam protestos de apenas trinta mulheres? 
Se fossem quinhentas, pelo menos... 
Claro que ela conseguiu, mas a luta estava apenas começando. 
Na época, o diretor dos Correios também era um esquerdista e proibiu a distribuição de mensagens e publicações da Campanha. 
O que fez dona Amélia e outras ‘estafetas’? 
A pé ou de carro, de porta em porta... 
E a Rocinha assim fez história. 
Organizaram-se classes de alfabetização, forneceram-se livros para leitura e discussão sobre a situação e acabaram expulsando os ‘vermelhos’ de lá. 
Também em Belo Horizonte, a Liga das Mulheres Democráticas possuíam identidade própria. 
Um fato mereceu grande meritoriedade: quando se anunciou um comício em Belo Horizonte que teria como oradores dois comunistas vindos da Rússia, elas mandaram um recado: "Favor ficarem cientes que, quando chegar o avião, trazendo esses homens, centenas de mulheres estarão deitadas na pista". 
Elas cumpriram a promessa e o avião nunca pousou na capital mineira. 
E a Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo? 
Apertando livros de oração e rosários contra o peito, somavam mais de meio milhão de pessoas no dia 19 de março de 1.964. Foi a demonstração mais comovente da história brasileira. 
A Revolução aconteceu em 31 de março. 
Durou mais de dez anos o regime ditatorial. 
Mas só aconteceu para que pudéssemos lavar nosso país da foice e do martelo. 
Não podíamos submeter nosso futuro a estranhos países. 
Claro que nós entendemos tudo errado e quisemos entregar nosso país aos comunistas. 
Éramos apenas adolescentes. 
Mas se não fosse o trabalho das mulheres!!! 
Viva nós! 



Nenhum comentário: