Sócrates, o homem dos discursos, certa vez disse:
- "Cidadãos, se nos sobreviesse uma guerra e quiséssemos escolher um homem capaz antes de tudo de salvar-nos e subjugar o inimigo, escolheríamos alguém que soubéssemos escravo do próprio estômago, do vinho, dos prazeres do amor, da moleza e do sono?
Como poderíamos esperar que semelhante homem nos salvasse e triunfasse do inimigo?
Se ao termo da existência desejássemos confiar a alguém a educação de nossos filhos, a honra de nossas filhas, a administração de nossos bens, veríamos o intemperante digno de tal confiança?
Entregaríamos a um escravo intemperante a guarda de nossos rebanhos, de nossos celeiros, a gerência de nossos trabalhos?
Aceitá-lo-íamos ainda que gratuitamente como intendente e provedor?"
E então ficamos a imaginar que se Sócrates fosse brasileiro e tivesse que voltar para a sua terra, com certeza professaria sua filosofia num deserto. Como não há deserto no Brasil, ele morreria envenenado pela seca do nordeste. Porque ultimamente o ser humano que habita o território verde-amarelo não tem mais interesse em acertar no comandante que vai dirigir a contento a rota do navio, antes tem colocado no poder o seu próprio carrasco intemperante.
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