Ditadura chamava de “desaparecidos” os presos que executava
Ninguém consegue desaparecer, a não ser nos filmes de Harry Potter.
No entanto, o regime militar chamava de “desaparecidos” presos políticos cujo destino não podia ser revelado, mas que mais tarde se soube terem sido executados sob tortura e seus cadáveres queimados ou jogados no mar.
Ninguém consegue desaparecer, nem mesmo na Amazônia.
O jornalista Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira saíram, às 7 da manhã de domingo (5), de barco, da comunidade indígena de São Rafael em direção à comunidade de Atalaia do Norte, a duas horas de distância, próximo à fronteira com o Peru, onde eram esperados.
Não houve tempestade, não tinha como se perder (portavam celular para pedir socorro) e, ainda assim, não chegaram ao destino.
Na comunidade de São Rafael tinham sido intimidados por um grupo de homens armados, liderados por um certo “Pelado”.
O jornalista tirou fotos do grupo.
Testemunhas viram o barco de “Pelado” no encalço do barco que transportava o jornalista e o indigenista.
O indigenista já tinha recebido várias ameaças e exonerado da Funai por contrariar a política de destruição da Amazônia patrocinada pelo governo Bolsonaro.
“Pelado” foi preso porque de fato era dono do barco descrito por testemunhas e escondia munição exclusiva das Forças Armadas.
Apesar de tantos indícios de que eles foram executados, o delegado da PF encarregado do caso disse ontem não trabalhar com essa hipótese.
Prefere, por ora, chamá-los de “desaparecidos”.
ALEX SOLNIK, JORNALISTA.
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