Golpista, Bolsonaro perde o controle de novo, ataca ministros do STF e defende o fechamento da imprensa.
Por Redação Ucho.Info/08 de junho de 2022
Mais uma vez insistimos na informação que mereceu destaque em matérias anteriores: o presidente Jair Bolsonaro está desesperado diante da possibilidade de ser derrotado pelo petista Lula no primeiro turno da corrida presidencial.
Esse sentimento tem levado Bolsonaro a radicalizar o discurso e a intensificar os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta terça-feira (7), minutos após a Segunda Turma do STF derrubar decisão do ministro Kassio Nunes Marques, que em uma canetada absurda suspendeu a cassação do deputado bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil-PR), o chefe do Executivo acionou sua verborreia.
“Enquanto aqui a gente está num evento voltado para a fraternidade, amor, compaixão, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o STF, por 3 a 2, condena um deputado por espalhar fake news. Ele não espalhou fake news. O que ele falou na live eu falei também. Isso [suspeitas de fraudes nas eleições de 2018] é uma verdade, e esse deputado cassado foi cassado”, afirmou Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto.
No discurso, Bolsonaro chamou o ministro Luiz Edson Fachin de “marxista-leninista” e disse que ganha as eleições no Brasil é “quem é amigo dos ministros do TSE”.
“Nessa questão [do deputado Francischini], julgada por 3 a 2, o Alexandre de Moraes falou que tendo jurisprudência podemos prender candidatos que duvidem do sistema eleitoral. Onde não há debate, há ditadura”, disse o presidente, que confunde debate democrático e civilizado com liberdade para disseminar mentiras.
“Pode alguém ser punido por fake news? E se não for fake news, for uma verdade? Pior ainda (…). Eu não vou viver com um rato. Tem que haver uma reação”, disse o chefe do Executivo, aos gritos.
O presidente afirmou ser do tempo em que decisão judicial não era discutida, mas cumprida. “Eu fui desse tempo. Não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil”, protestou Bolsonaro, que não se cansa de abusar da vitimização.
A declaração ocorreu após novas críticas à possibilidade de ser aprovado um novo marco temporal no País, com potencial de ampliar a demarcação de terras indígenas. “O que eu faço se aprovar? Entrego a chave para os ministros do Supremo ou digo: ‘Não vou cumprir’”, declarou.
É importante ressaltar que o descumprimento de decisões do STF é considerado crime de responsabilidade, o que pode levar a um processo de impeachment, que na Câmara dos Deputados não prospera porque o Centrão cobra muito caro por essa subserviência de encomenda.
Não contente com as ameaças, Bolsonaro continuou atacando os ministros do STF e disse que Fachin comete “um estupro contra a democracia brasileira”. Foi uma referência ao encontro de Luiz Edson Fachin com embaixadores, ocasião em que o magistrado recomendou aos representantes diplomáticos que seus países reconheçam o vencedor das eleições de outubro após o TSE anunciar o resultado.
“De forma indireta, ataca a Presidência da República, como um homem que não respeita a Constituição, que não respeita o processo eleitoral, que pensa em dar um golpe. O que é isso se não um arbítrio, um estupro à democracia brasileira?”, gritou Bolsonaro. “Para mim, é muito mais fácil estar do outro lado. Tenho a família toda perseguida, até minha esposa, canalhas. Vem pra cima de mim, se são homens”, desafiou.
O descontrole de Jair Bolsonaro é fruto da possibilidade crescente de perder a eleição ainda no primeiro turno, como citamos acima. O presidente jamais respeitou a Constituição desde que chegou ao Palácio do Planalto, assim como sinaliza com reiteradas ameaças de golpe, mesmo que ele negue essa hipótese. Sobre as citadas perseguições à própria família, Bolsonaro criou uma retórica mentirosa com o intuito de incendiar a horda de apoiadores.
Como se não bastasse o desvario discursivo, Bolsonaro aproveitou o descontrole para mais uma vez atacar a imprensa. “Deputados que estão aqui que estejam nos ouvindo vai chegar a sua hora se você não se indignar. Não existe especificação penal para fake news. Se for para punir com fake news a derrubada de páginas, fechem a imprensa brasileira que é uma fábrica de fake news. Em especial, Globo e a Folha”, afirmou, aos gritos.
O ataque aos veículos de comunicação aconteceu no mesmo dia em que a Justiça de São Paulo condenou Bolsonaro a indenizar em R$ 100 mil por dano moral coletivo à categoria dos jornalistas. A juíza Tamara Hochgreb Matos, da 24ª Vara Cível de São Paulo, ressaltou que os ataques incentivados pelo presidente “contribuíram para os ataques virtuais e até mesmo físicos que passaram a sofrer jornalistas em todo o Brasil, constrangendo-os no exercício da liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia”
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