Reino Unido celebra 70 anos do reinado de Elizabeth II; comemoração durará quatro dias
Por Redação Ucho.Info/02 de junho de 2022.
A rainha Elizabeth II detém vários recordes notáveis: aos 96 anos de idade, ela é a monarca reinante mais antiga e teve o casamento mais duradouro na história da realeza britânica. Até mesmo sua coroação entrou para os anais da história: jamais tantos espectadores – aproximadamente 300 milhões mundo afora – acompanharam a cerimônia. E, por fim, ninguém jamais ocupou por tanto tempo o trono britânico. Em 2022, ela completa 70 anos no trono.
Mais dois anos de reinado e a monarca britânica alcançará o rei francês Luís XIV, apelidado de “Rei Sol”, que ocupou o trono do reino da França e Navarra por 72 anos e 110 dias, entre os anos de 1643 e 1715.
A rainha se mantém inabalável há 70 anos, inclusive diante dos sobressaltos políticos: sentimentos não são coisa que se mostre em público. Em vez disso, os súditos são sempre recebidos com um sorriso cálido, um aceno amigável – e, volta e meia, um gáudio popular. Para o Jubileu no Trono, há uma programação de quatro dias a partir desta quinta-feira (02/06), com um feriado extra para os britânicos.
As comemorações começam com o tradicional desfile militar “Trooping the Colour”, realizado há séculos por ocasião do aniversário de um regente britânico, não importando a época do ano em que nasceu – o aniversário da rainha já foi em 21 de abril. Neste ano, a data tradicionalmente celebrada no sábado será antecipada para esta quinta-feira e seguida por outro feriado para o Jubileu do Trono.
Na sexta-feira, por exemplo, haverá uma missa de Ação de Graças pelo longo reinado de Elizabeth 2ª na Catedral de São Paulo, em Londres. Além disso, faróis serão acesos em homenagem à rainha em todo o Reino Unido, nas Ilhas do Canal, na Ilha de Man, nos Territórios Ultramarinos Britânicos e em cada uma das 54 capitais da Commonwealth.
Para 4 de junho, a emissora britânica BBC organizou um concerto ao vivo diretamente do Palácio de Buckingham intitulado “Platinum at the Palace”, com conhecidas estrelas do universo musical: Queen & Adam Lambert, Diana Ross, Hans Zimmer, Rod Stewart e George Ezra dividirão os três palcos com artistas como Duran Duran, Andrea Bocelli, Nile Rodgers e muitos outros. Sam Ryder, que conquistou o segundo lugar para o Reino Unido no Eurovision de 2022, também se apresentará.
Celebridades do cinema e do esporte estarão presentes, incluindo David Attenborough, Emma Raducanu, David Beckham, Stephen Fry, Dame Julie Andrews e o Royal Ballet, e uma participação especial de Elton John também foi anunciada. No mesmo dia ocorre o “Epson Derby”, considerado a corrida de cavalos mais antiga do planeta.
Em 5 de junho, sob o lema Grande Almoço Jubilar, haverá uma extensa celebração nas ruas de cidades e vilarejos. Por todo o Reino Unido, estão previstas mais de 200 mil festas de bairro e quermesses, com longas mesas, muita comida e bebida.
Rainha de um dia para o outro
Elizabeth nem deveria ser a monarca britânica. Quando nasceu, não era a princesa da coroa britânica, a herdeira direta do trono. Contudo, quando seu tio Edward VIII abdicou do trono em 1936 e seu pai assumiu, tornando-se George VI, tudo mudou. Como filha primogênita, ela acabou se tornando a sucessora imediata ao trono britânico.
Elizabeth tinha 25 anos e estava em viagem oficial no Quênia quando seu pai morreu, em 6 de fevereiro de 1952. Ela se tornou rainha na mesma noite. A princesa, conhecida na intimidade como Lilibet, virou “Elizabeth II, pela graça de Deus, rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de seus outros Reinos e Territórios, chefe da Commonwealth, defensora da fé”. Ela foi oficialmente coroada em 2 de junho de 1953, numa grande cerimônia na Abadia de Westminster.
Ao longo de seu reinado, vivenciou o colapso do Império Britânico, depois a Guerra Fria e, mais recentemente, o Brexit e a pandemia de Covid-19. Ao todo, recebeu 14 primeiros-ministros no Palácio de Buckingham, entre eles Winston Churchill, Margaret Thatcher e o atual Boris Johnson.
Uma família complicada
Inicialmente, o reinado de Elizabeth 2ª foi dificultado por sua irmã Margaret, envolvida constantemente em escândalos, festas e casos sexuais – e o primeiro divórcio na família real britânica em mais de 400 anos.
Com o príncipe Philip, com quem se casou em 1947, a soberana teve quatro filhos: Charles, Ana, Andrew e Edward. E estes lhe trouxeram problemas a partir da juventude. Tudo começou conforme manda o figurino da realeza, com o casamento dos sonhos de seu filho mais velho e herdeiro do trono, Charles, com Lady Diana em 1981.
Porém, o matrimônio logo se revelou um desastre. E não apenas o de Charles: todos os filhos, exceto o mais novo, Edward, divorciaram-se, sempre acompanhados de escândalos. Ao todo, a rainha Elizabeth II tem oito netos, dois de cada um dos filhos.
Um deles, Harry, o filho mais novo do príncipe Charles, renunciou à realeza. Pouco depois de se casar, em 2018, com a atriz americana Meghan Markle, ele repetiu o gesto de seu tio Edward VIII, que se desligou da família real. O casal se mudou para os Estados Unidos e teve dois filhos. Em entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey, acusaram a família real britânica de racismo.
O príncipe Andrew é há anos uma constante dor de cabeça para a rainha. Ele está envolvido em um escândalo sexual pelo qual terá de responder em tribunal dos Estados Unidos. A monarca apoiou o filho por muito tempo, mas em meados de janeiro de 2022 finalmente revogou todas as suas patentes militares e o patrocínio real.
A morte de Diana, em 1997, não deixou a rainha incólume, mas o pior golpe foi a perda de seu marido, com quem esteve casada por 73 anos. Em 9 de abril de 2021, ela se despediu do príncipe Philip. Pouco antes, os dois haviam comemorado o 95º aniversário dela e o 100º dele.
A rainha terá outro visitante muito especial nas celebrações deste ano. O príncipe Harry viajou a Londres com a duquesa Meghan e os dois bisnetos, Archie e Lilibet Diana. Após um período de esfriamento nas relações, há novamente pequenas aproximações.
Elizabeth II terá oportunidade de conhecer a pequena Lilibet e felicitá-la por seu primeiro aniversário, em 4 de junho. Lilibet é como a rainha é chamada no seio familiar, mas certamente também por muitos de seus súditos.
(Deutsche Welle)
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