terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

JACOB BAZARIAN



O CAVALEIRO DO AMANHÃ


Jacob Sagh Bazarian nasceu aos 02 de outubro de 1.919, na pequena cidade de Marach, na Turquia.
Com a família, expulsa do país pelos turcos, refugiou-se na Síria, no Líbano, na França e no Brasil, onde esteve em São Paulo e, finalmente, em Itapetininga, onde veio a falecer.
Na mocidade foi coroinha, mascate, balconista.
Cursou o Primário, o Ginasial e a Escola de Comércio.
Fez Filosofia pura na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, licenciando-se em 1.945.
Cursou Medicina por dois anos.
Foi Seminarista, mas abandonou a doutrina, pois ela "não resolvia o problema do homem", afirmava ele.
Nunca teve medo de nada. 
Vícios, teve-os muitos. Dentre eles: sexo, amor, bebida, prazer, política...
Pelas idéias socialistas, sua vida foi um constante recheio de fugas, viagens, exílios, ao lado dos amigos Oswald de Andrade, Menotti Del Piccia, Caio Prado, Jorge Amado...
No ano de 1.943 é que começou a frequentar a casa de Oswald de Andrade nos famosos saraus que este patrocinava aos poetas e filósofos da época. 
Num desses saraus conheceu aquela que se tornaria sua primeira esposa, a escritora Mary Apocalypse, com quem se casou apenas no civil.
No seu casamento não teve festa e nem bolo.
O padrinho Oswald os levou para jantar num restaurante no velho centro de São Paulo.
A segunda esposa foi Zinaida Pachetkina, com quem teve dois filhos: Alexander, que se tornou decorador e Anita, economista. 
Esse casamento aconteceu depois que ele, expulso da Escola de Sociologia e Política e da Associação Cristã de Moços, onde lecionava, por ter-se filiado ao Partido Comunista Brasileiro, que ainda era ilegal, foi morar em Moscou.
Jacob Bazarian sempre lutou para implantar no mundo uma sociedade mais justa, mais democrática, mais desenvolvida espiritualmente, sem fronteiras, sem preconceitos religiosos, sem racismos...
Adorava a nova geração por ela não nutrir os mesmos preconceitos da sua.
Afirmava sempre que "gostaria muito de ter nascido agora".
Sobre as drogas, era radicalmente contra aquelas que transformam os seres humanos em robôs, em farrapos, em bestas humanas.
Seus ídolos?
Lenine, Engels, Spinoza.
Sobre as mulheres brasileiras dizia que "elas são muito materialistas" e isso torna "difícil uma convivência pacífica com elas".
Por isso mesmo Jacob dizia: "Minha amante é a Filosofia, a quem serei fiel e dedicado até à morte".
Bastante envolvido na problemática do homem como ser humano temporal, Bazarian nos deixou uma verdade: a luta principal do futuro é entre a Democracia e a Tirania, entre a Liberdade e a Servidão.
Foi através de sua iniciativa que se fundou em Itapetininga a AJORI - Associação dos Jornalistas e Radialistas de Itapetininga- no ano de 1.982. 
Como primeiro Presidente da AJORI, Jacob Bazarian criou a Casa da Cultura de Itapetininga em 1.983.
No ano de 1.998, em sua residência, tendo elementos como Alberto Isaac, Hélio Rubens de Arruda e Miranda, Silas cardoso e Carlos José de Oliveira, decidiram fundar o Museu da Imagem e do Somn
Conheci o professor no ano de 1.971, quando frequentei o Curso de Ciências Jurídicas da Fundação Karnig Bazarian, me formando Bacharel em Direito em 1.974. Depois disso, fui embora para São Paulo. 
Quando voltei para cá, no ano de 1.997, fui a Itapetininga e ajudei a fundar o "Jornal Cidade", de Maria Aparecida Rodrigues dos Santos, irmã de Osmar, um dos sócios do jornal A Hora de São Miguel Arcanjo. Foi o último jornal feito em linotipo.
Criei várias colunas. Entre elas, a de entrevistas. Foi num desses trabalhos que revi meu velho professor de Sociologia Jacob Bazarian. Já estava com problemas de saúde: o mal de Parkinson o afetara. 
Diferente de todas as residências, diante da sua havia uma plaquinha com os seguintes dizeres: "Residência de Jacob Bazarian". Era muito chique!
Inclusive não aceitei uma proposta sua para que eu organizasse as inúmeras pastas que ele vinha arquivando para o seu próximo livro sobre a quinta essência do ser. Ele queria que eu me mudasse para Itapetininga, permanecendo exclusivamente à disposição de sua inspiração que não tinha dia e nem hora para brotar. Claro que não achei correta a proposta. 
Se não me engano, parece que seu livro foi organizado por um outro jornalista, o Silas Gehring Cardoso.
Fiquei muito satisfeita quando, depois da entrevista, ele me disse: - "Em 40 anos de jornalismo, você é a melhor entrevistadora que jamais conheci". 
Ao lado de Venâncio Ayres, Fernando e Júlio Prestes, Abílio Victor, Anézia Pinheiro, Ataliba Leonel, Domingos José Vieira, Jair Barth, José Ozi, Teddy Vieira, Simão Barbosa Franco e outros, Jacob Bazarian é patrono de uma das cadeiras da Academia Itapetiningana de Letras.
A lacuna deixada pelo poeta, professor, filósofo, sociólogo, jornalista e escritor jamais será preenchida por outro itapetiningano.


Nenhum comentário: