quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MEUS LIVROS PREFERIDOS.


Quando eu era criança, lembro que meu pai tinha mais o hábito de ler jornais e ouvir noticiários pela Rádio Bandeirantes do que ler livros.
Talvez pela lide na agricultura, que não deixava muitas horas para o lazer.
Mas claro que cresci lendo alguns desses poucos e preciosos volumes que fizeram parte da sua cabeceira.
Primeiramente, o Dicionário da Língua Portuguesa, pelo qual sempre fui fanática.

Depois, vieram autores como Emílio Salgari, com o seu "O Capitão Tormenta", Lin Yutang, com "A Importância de Viver" ( era outra capa, claro) e Gibran Khalil Gibran, com "Jesus, o Filho do Homem".
O romance do capitão Tormenta era bastante instigante, e só no final fica-se sabendo que ele era uma mulher. 
Para Lin, a sabedoria da vida consiste em eliminar tudo aquilo que não é essencial, porque "a vida é uma grande escola".
Lin, o chinês, faleceu aos 81 anos de idade.
Já Gibran, o árabe, esteve neste mundo durante apenas 48 anos.
Desde muito criança, Gibran gostava de tempestade.
Aos 11 anos, emigra com a família para os Estados Unidos. Aos 20 anos, começa a escrever e desenhar.
Revolucionário, incitava o povo contra os feudos e o clero, no Líbano.
Apaixona-se por Hala Daher e conhece o primeiro e mais frustrante amor de sua vida.
Escreveu em inglês e em árabe.
Livros publicados:
"A Música", 1.905; "As Ninfas do Vale", em 1.906; " As Almas Rebeldes", em 1.908; "As Asas Partidas", em 1.912; "Uma Lágrima e um Sorriso", em 1.914; "O Demente", em 1.918; "As Procissões", em 1.919; "Temporais", em 1.920; "O Precursor", em 1.920; "O Profeta", em 1.923; "Areia e Espuma", em 1.927; "Jesus, o Filho do Homem", em 1.928; "Os Deuses da Terra", em 1.931.
Após sua morte, foram publicados: "O Errante", em 1.932 e "O Jardim do Profeta", em 1.933.


Acima, as obras de Gibran no seu Museu.
No livro "O Profeta", Gibran escreveu o texto abaixo:

"E um dos anciãos da cidade disse:
- Fala-nos do Bem e do Mal.
E ele respondeu:
- Do bem que está em vós, poderei falar, mas não do mal. Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede? Em verdade, quando o bem sente fome, procura alimentos até nos antros escuros, e quando sente sede, desaltera-se até em águas estagnadas. Vós sois bons quando vos identificais com vós próprios. Porém, quando não vos identificais com vós próprios, não sois maus. Pois a casa que se divide não se torna antro de ladrões; é, apenas, uma casa dividida. E um navio sem leme pode vaguear sem rumo entre recifes perigosos, e não se afundar.
Vós sois bons quando vos esforçais por dar de vós próprios.
Porém, não sois maus quando vos limitais a procurar o lucro.
Pois, quando lutais pelo lucro, sois simplesmente raízes que se agarram à terra e sugam seu seio.
Certamente, a fruta não pode dizer à raiz: "Sê como eu, madura e plena, e sempre generosa de tua abundância".
Pois, para a fruta, dar é uma necessidade, como, para a raiz, receber é uma necessidade.
Vós sois bons quando falais plenamente acordados.
Porém, não sois maus quando adormeceis enquanto vossa língua tartamudeia sem propósito.
E mesmo um discurso gaguejante pode fortalecer uma língua débil.
Vós sois bons quando andais rumo a vosso objetivo, firmemente e com passos intrépidos.
Porém, não sois maus quando ides coxeando.
Mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás.
Mas vós que sois fortes e velozes, guardai-vos de coxear por complacência na presença dos coxos.
Vós sois bons de inumeráveis maneiras, e não sois maus quando não sois bons.
Estais apenas ociosos e indolentes.
Pena que as gazelas não possam ensinar velocidade às tartarugas!"

Para Gibran, Jesus foi o ser mais sublime que já visitou este planeta. E Ele veio para revelar que as riquezas e as belezas estão armazenadas dentro de cada uma das pessoas. 
O que não fiquei sabendo na época era que Gibran também foi desenhista e pintor, conheceu e foi amplamente apoiado por Auguste Rodin, e estudou Arte em Paris.
Enterrado na vertente de uma linda colina, em Beirute, existe lá um museu onde estão expostos as suas obras e os seus livros em todas as línguas. Ao lado, e acima, a sua biblioteca.


Nenhum comentário: