quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O DRAMA VIVIDO PELO PREFEITO DE NOVO HORIZONTE

Victor, 14, foi levado para a Espanha pela mãe quando tinha quatro anos e só reviu o pai em abril de 2002. Telefonema encerrou busca de dez anos.
Patrícia Santos/Folha Imagem 
 
Toshio Toyota abraça o filho Victor, que ficou dez anos sem ver.

DA AGÊNCIA FOLHA

Um espaço vazio que nunca será preenchido. Esse é o sentimento do médico e prefeito de Novo Horizonte, Toshio Toyota (PPS), 52, em relação aos dez anos que ficou afastado do seu filho Victor, 14, levado pela mãe para a Espanha quando tinha quatro anos.
Durante esse período, o pai nunca deixou de procurar o filho. Contratou detetives, foi atrás de pistas falsas e chegou a procurá-lo até na Argentina, em vão.
Toyota e a mulher, Shirlei Tropico, se separaram quando Victor tinha dois anos. Ela se mudou com o filho para São Paulo. Ele passou a visitá-lo nos finais de semana, até conseguir a guarda definitiva do filho na Justiça dois anos depois.
Na época, Toyota exercia a profissão de médico ortopedista e conseguiu provar que tinha melhores condições de criar o garoto. 
Shirlei se recusou a entregar o filho. 
Quando Toyota chegou para visitá-lo em um final de semana de 1992, não encontrou ninguém.
------- "Na última visita que fiz ao meu filho, ele não queria me deixar ir embora. Nunca esqueci isso", relembra Toyota.
Shirlei mudou-se com Victor e a sua mãe, de origem argentina, para La Coruña, na Espanha. 
O nome de Victor Toshio Tropico Toyota foi alterado para Victor Hugo Tropico. O nome do pai foi suprimido do registro.
Shirlei se casou novamente e teve mais um filho, Victor André, hoje com sete anos - que também veio ao Brasil com o irmão, mas já voltou para a Espanha.
Há dois anos, Shirlei morreu em um acidente de carro. 
Como o pai de Victor André também já havia morrido, as crianças ficaram com a avó materna.
O fim do pesadelo começou em abril, quando o prefeito recebeu uma ligação de uma pessoa que dizia ter encontrado seu filho.
Essa pessoa, que Toyota prefere não identificar, encontrou o seu nome em uma carteira de vacinação antiga e foi atrás do seu paradeiro até encontrá-lo no Brasil.
Com a ajuda da Interpol, da Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da Polícia Federal espanhola, o prefeito conseguiu localizar Victor.
No dia 15 de abril, pai e filho se reencontraram na escola do menino, na Espanha. 
---------- "Foi um abraço longo, demorado. Não tenho como descrever esse momento."
Em julho, Victor chegou ao Brasil para passar as férias. 
Acabou resolvendo ficar por um ano.
---------- "O tempo é curto ainda, falta muito para ter uma relação de amizade muito grande, e essa é a grande perda. O convívio com uma criança de três, quatro anos não volta mais", diz o prefeito. (AK)

São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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