sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

MINISTRO MORO, ESPECIALISTA EM ESCURO?

Por: Reinaldo Azevedo/
Publicada: 24/01/2019 - 16:19



Sérgio Moro em Davos: ele sempre parecia tão certo de tudo e em tudo… Anda confuso.
Parece que o rolo envolvendo Flávio Bolsonaro está deixando o governo e seus membros meio fora do eixo. E o que se vê é uma investida organizada contra a transparência de dados. E, vamos ser claros — coisa que eles não conseguem: quem aposta na opacidade está apostando na corrupção.
Como é? Sérgio Moro ainda não sabe se a proposta de retirar parentes de políticos da lista de pessoas especialmente monitoradas por instituições financeiras é boa ou má? 
Ele está brincando? 
Como se diz por aí: ele está de sacanagem? 
Curioso. Depois que este senhor foi para o outro lado do balcão, ele se tornou especialmente cuidadoso. E desinformado também para quem é ministro da Justiça e da Segurança Pública, com a tarefa especial de combater, ora vejam, a lavagem de dinheiro. 
Essa sua virtude chegou a ser destacada no microdiscurso sobre o nada de Jair Bolsonaro.
Qual é a dúvida do ex-magistrado? Corruptos passivos e ativos e lavadores de dinheiro não têm dúvida nenhuma sobre a proposta.
Qual é a de Mouro? Ainda não ligou o filho ao pai, como a gente costuma fazer quando vê um bebê: “Olhe, ele se parece com você!”? Depois das reações negativas, tudo indica que a instituição vai voltar atrás.
“Ah, essa proposta de relaxar o monitoramento de atividades financeiras de parentes de políticos vem do comando anterior do Banco Central…” Ainda que seja assim. Está tendo sequência neste governo, não? 
Bolsonaro não mandou suspender, por exemplo, contratos com agência de publicidade sem nem ter evidência de irregularidade? É fácil pôr fim a essa proposta do BC, que resultaria numa farra. 
Moro, o Impoluto das Esferas, foi indagado a respeito pela Folha e afirmou o seguinte:
“É só uma consulta pública, e não uma decisão final. Temos de entender melhor por que os reguladores do Banco Central estão propondo essa medida, e aí podemos discutir com eles se é uma boa ideia.” Ah, então tá… Para o ministro, “é muito cedo” para se ter um juízo a respeito. Ele encerrou a sua participação em Davos com a intervenção numa sessão intitulada. “No escuro: crimes globalizados”. Nada mais apropriado, não é mesmo. Está claro que o ministro está se tornando especialista em escuro.
Moro também comentou o caso Flávio Bolsonaro e afirmou que o governo não vai interferir na coisa. Bem, já interferiu. Quando Jair Bolsonaro concede uma entrevista e diz que seu “garoto” está sendo perseguido para atingir o presidente, está pedindo que parem de atingir o presidente e, pois, preservem o seu garoto.
E o ataque à transparência vai longe. 
Decreto presidencial, assinado por Hamilton Mourão, mas não planejado por ele, amplia brutalmente o número de funcionários do governo que podem impor sigilo a documentos, mantendo-os longe dos olhos do público por até 25 anos. 
A estrovenga saiu da Casa Civil, de que o titular é Onyx Lorenzoni. E sobre isso? Será que Moro tem opinião formada? As ações até agora em curso não são típicas de um governo que quer pôr fim à corrupção, mas de um governo que quer selecionar os corruptos eventualmente incômodos e que podem servir de arma contra os adversários.
É bom que a sociedade brasileira fique atenta. 
Os métodos de investigação consagrados pela Lava Jato promoveram uma razia na chamada elite política brasileira e, como não cansei de apontar aqui, demonizaram a própria política. O seu principal agente foi Sérgio Moro, este que, agora, não consegue formar uma opinião sobre deixar ou não que familiares de políticos plantem um laranjal no fundo do quintal.

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