segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

E TRUMP NEM VAI DEVOLVER OS BILHÕES DE DÓLARES QUE GASTOU COM O TAL DE MURO SEPARATÓRIO?

Quanto se construiu de ‘muro de Trump’ com México que Biden mandou parar no 1º dia de mandato.
Quanto realmente se construiu do muro de Trump e quem está pagando por ele?
Como prometido na campanha eleitoral, uma das primeiras medidas de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos foi parar a construção do muro na fronteira com o México.
No mesmo dia, o primeiro de seu governo, ele também anunciou mudanças importantes na política de imigração, entre elas um projeto de lei que busca dar cidadania para mais de 11 milhões de imigrantes não documentados.
Mas nada exemplifica melhor a ruptura com a política de seu antecessor, Donald Trump, do que o fim da construção do muro, talvez o projeto mais representativo de todo o mandato do agora ex-presidente.
"Já construímos 480 km do muro da fronteira", vangloriou-se Trump em 28 de agosto, em um comício realizado logo a formalização de sua candidatura à reeleição.
"Em breve, o muro ficará pronto, e nossos números na fronteira são os melhores da história. Aliás, o México está pagando pelo muro, caso você não saiba", acrescentou ele na ocasião.
A partir desse momento, em todos os seus atos de campanha, Trump insistiu nessas duas ideias: que o muro avançava rapidamente e que a fatura da obra cabia ao lado mexicano.
E, de acordo com as projeções do ex-presidente, esperava-se que até o início de 2021 um total de 800 km tivessem sido concluídos. Mas a realidade acabou sendo bem diferente.

Os diferentes tipos de 'muros'


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Uma das primeiras medidas de Biden foi interromper a construção do muro.
A fronteira entre os Estados Unidos e o México tem 3.142 km de extensão. Antes de Trump chegar à Casa Branca, havia barreiras ou cercas em um terço disso.
Na maioria das áreas urbanas, elas são feitas para impedir a passagem de pedestres e veículos.
As barreiras são de vários tipos: em alguns trechos, são chapas ou painéis de aço, em outros, há uma malha de arame ou barras verticais com até nove metros de altura.
Em áreas mais remotas, o governo usa "cercas veiculares", que são postes de madeira cruzados (geralmente obtidos de trilhos de ferrovia) que impedem a passagem de veículos, mas podem ser ultrapassados ​​por pedestres.


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Na maioria das áreas urbanas, as barreiras são feitas para impedir a passagem de pedestres e veículos.
No posto de fronteira entre San Diego e Tijuana, as cercas se estendem por até cem metros no mar e são feitas de materiais resistentes à ferrugem e à corrosão salina.
No resto da fronteira, onde existem áreas montanhosas, desertos, pântanos e canais ao redor do Rio Grande, não há nenhuma estrutura feita pelo homem: a natureza é a própria barreira.
Em alguns pontos, a fronteira tem duas ou até três camadas de barreiras, uma atrás da outra. As autoridades referem-se a elas como barreiras primárias, secundárias e terciárias.


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A cerca que separa San Diego de Tijuana adentra cerca de 100 metros no mar.

Promessa vs. realidade
Durante a campanha de 2016, Trump prometeu construir o muro ao longo de toda a fronteira. Depois, esclareceu que cobriria apenas a metade, já que a natureza cuidaria do resto.
As dificuldades em encontrar financiamento para a obra atrasaram seus planos. Mas algumas semanas antes das últimas eleições e após mais de três anos e meio de governo, Trump se gabou de que o muro estava praticamente pronto. Mas os números oficiais mostram algo diferente.
De acordo com os últimos dados do governo, até 4 de janeiro, foram construídos 727 km. Embora isso não parece estar muito longe dos 800 km prometidos por Trump, um olhar mais atento revela um outro quadro.
Partes do muro cortam o deserto, como esta que separa San Luis de Sonora.
Dos mais de 700 km, a grande maioria foram substituições ou reparos de estruturas já existentes.
Apenas cerca de 129 km de novas barreiras foram efetivamente construídos, dos quais 53 km correspondem a cercas secundárias, deixando um total de 76 km de barreiras primárias totalmente novas.
Há várias razões para o governo Trump não ter conseguido avançar muito.
Um deles é a já mencionada dificuldade de construir em áreas onde a natureza predomina, principalmente nas proximidades do Rio Grande.


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Dos mais de 700 km de obras, a grande maioria foram substituições ou reparos de estruturas já existentes.
Muitas das zonas sem barreiras estão em propriedades privada, e seus donos não permitem que um muro seja erguido.
Ao contrário dos Estados a oeste, onde grande parte das terras na fronteira está sob controle do governo, existem centenas de fazendas, ranchos e outras propriedades privadas no Texas, por exemplo. Alguns não têm registros de propriedade, outros estão nas mãos de vários herdeiros.
O governo planejava usar seu direito de desapropriação para adquirir a terra, mas o processo é lento e envolve longas ações judiciais.
A esses obstáculos, se soma a falta de dinheiro para concluir a construção prometida. O que nos leva ao próximo ponto: quem pagou pela obra?

México na mira
Em 25 de janeiro de 2017, Trump assinou um decreto autorizando a construção do muro na fronteira sul.
Poucos meses depois, em abril, Trump teve de abrir mão de tocar a obra no seu primeiro ano fiscal como presidente, como havia prometido.


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A barreira também atravessa áreas rurais e agrícolas, como esta cerca em Brownsville, no Texas.
Trump insistiu que os trabalhos seriam financiados pelo México. O então presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, negou e assegurou em várias ocasiões que seu país não pagaria por nenhum muro.
Em reunião na Casa Branca, tanto o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, quanto Trump evitaram falar sobre o assunto.
Mesmo assim, o ex-presidente sempre repetiu que o México estava pagando pelo muro, algo que os dados oficiais também contradizem.
De acordo com o governo americano, o financiamento foi dos Departamentos de Segurança Interna, Defesa e Fazenda.
Isso foi possível graças à declaração de estado de emergência nacional na fronteira assinada por Trump em 15 de fevereiro de 2019.
O presidente justificou que a declaração era necessária para proteger o país de uma "invasão de drogas e criminosos" do México, "um sério risco à segurança nacional".


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Em um trecho do muro, gangorras foram instaladas por artistas para que as pessoas em ambos os lados da fronteira interajam.
A medida permitiu-lhe desviar para o muro US$ 6,3 bilhões (R$ 34,5 bilhões) de verbas do orçamento do Departamento de Defesa para o combate às drogas.
A esse montante foram adicionados US$ 3,6 bilhões (R$ 19,7 bilhões) do orçamento do Departamento de Defesa para a construção militar mais cerca de US$ 3,4 bilhões (R$ 18,6 bilhões) do orçamento anual do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras.
Tudo isso, mais US$ 1,37 bilhão (R$ 7,5 bilhões) aprovado pelo Congresso em 2018, somam um total de cerca de US$ 15 bilhões (R$ 82 bilhões), menos do que os US$ 25 bilhões (R$ 136,7 bilhões) orçados inicialmente. De qualquer forma, nada disso parece ter vindo do México.
E a equipe de campanha de Biden não hesitou em chamar o muro de "desperdício de dinheiro" que "desvia recursos essenciais de ameaças reais" e que, em vez disso, usaria fundos federais para novas medidas de controle de fronteira.
Assim, tudo indica que o muro não vai mais continuar crescendo e que o debate sobre seu financiamento já está encerrado.

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