sábado, 18 de fevereiro de 2012

ABRINDO ESPAÇO PARA O AMIGO ORLANDO


""""""""""'RÁPIDAS

...Antropólogos do mundo inteiro, outros de botecos possuem uma curiosidade aguçada ao desvendar porque os primatas desceram das árvores onde estavam naturalmente protegidos do calor do sol e da maioria dos seus predadores naturais. Porque nossos antepassados, esse hominídeos idiotas, decidiram enfrentar de peito aberto o perigo das savanas. Provavelmente tenha sido por forte imposição de outros arborícolas (aqueles que vivem nas árvores) mais fortes, um Tarzan, quem sabe? Mais forte e bem mais agressivo.

...Nossos parentes primitivos perderam território. Para adaptar-se ao incrível mundo novo daquelas eras precisou levantar-se sobre seus próprios pés. A posição ereta deu-lhe verticalmente uma visão mais ampla do ambiente e dos horizontes distantes. Por milênios, o melhor conhecimento do seu habitat resultou em estímulos que provocaram considerável incremento no volume de sua massa encefálica. Sem esse aperfeiçoamento, o homem jamais conseguiria desembocar no homo-eretus, no homo sapiens, no homo sexual, e enfim, no homobytes, metade gente, metade teclado de computador, com milhões de memórias RAM e uma vaga lembrança de que um dia foi ser humano.

...Em contrapartida, a postura ereta deve ter abreviado o tempo gestacional da cria humana, forçando as fêmeas a parirem antes do filhote estar neurologicamente pronto, enquanto na maioria dos mamíferos, o filhote recém parido já se ergue sobre quatro patas, logo após o nascimento. Veja o bezerro! O bicho homem, só conseguirá suster-se depois de dez ou doze meses... Antes, tem ainda de fazer o estágio do engatinhamento para tomar coragem e ficar de pé. Num ambiente hostil como o do alvorecer da humanidade a cria humana seria devorada sem muitas dificuldades. Se bem que estamos caminhando para traz. Taí a droga devorando a cria dos homens.

...Seis hipotéticos caminhos para a postura ereta foram apresentados recentemente numa convenção internacional de antropologia. A posição bípede (o mesmo da galinha) facilitou o deslocamento, melhorou a dissipação de calor do corpo. Manteve as mãos livres para recolher comida e carregar o filhote; fez o hominídeo parecer maior, levou-o a permanecer mais tempo na água e, finalmente, facilitou apanhar os frutos. No ambiente hostil onde vivia sob um sol forte, se os nossos ancestrais continuassem peludos, a pelagem provocaria superaquecimento e mataria o projeto de bicho homem que morreria com a língua de fora e babando feito cachorro. A perda do pêlo fez com que se multiplicassem as glândulas sudoríparas para termo regulação do corpo do "bípede implume", como disse Platão ao referir-se ao homem. Da imensa pelagem restaram apenas coisas poucas na região axilar, na região cefálica (se bem que essa cai com a idade ou branqueia) e na região pubiana. Todas elas agasalhando o parasita que atravessou a barreira do tempo: o piolho.

...A família dos pediculideos existe há três milhões de anos. Parecem políticos. Continuam sugando, sugando e vão sugando sem parar. Nunca evoluíram. Só sugam. Isso me remete aos tempos do Gomide, quando fazíamos fila para os professores olharem nossos cabelos e conferir se não havia piolhos ou lêndeas. O piolho provoca uma coceira infernal na cabeça do moleque. Hoje, cinquenta anos depois, foi que descobri porque de quando em vez o padre Chico nos mandava em bandinhos na barbearia do Paulico, e este sem dó, metia a máquina zero na nossa cabeça.

...Tem o primo cafajeste do pediculus humanus, o qual fazia a gente quando mocinho tomar cuidado excessivo num contato mais avançado com as meninas dos confinas da Vila Nova, ou aquelas lá do Bar do Gazeta. Era um tempo em que a higiene para ambos os sexos era feita em baciões de zinco na casinha do tanque. As meninas lá da casa da Maria Pontes faziam mal e mal a higiene superficial do usufruto dentro da filosofia do lavou ta novo para continuar o trabalho incansável. E nessa, a gente contraia o maldito Phtirus púbis. O nome já diz tudo, né? É chato falar dessas coisa, nestes tempos de recato. Esses micros octópodes semelhantes à um carrapato estão aí desde que o mundo é mundo. O segundo, o mais chato por ser chato e por isso mesmo conhecido como chato, passa diretamente de hospedeiro para hospedeiro. Mas este último, com o intuito de envergonhar o cidadão perante a namoradinha bonitinha, só se transmite pelo contacto sexual.

...Iguape no meu tempo de jovem era o paraíso do sãomiguelense. Cidade quadricentenária de poucos recursos médicos, salvo a única farmácia da praça e a Santa Casa do lugar que tinha o nome engraçado de "Feliz Lembrança". Nada mais havia para se socorrer de uma queimadura por exposição ao sol, ataque de água viva ou qualquer coisa semelhante. Iguape possuía as águas mais cristalinas e limpas do litoral sul de São Paulo. A ilha Comprida era um vasto deserto com meia-dúzia de casas e alguns albergues. Naquele ano, lotamos a Vemaguete do meu irmão e descemos para a praia. Eu ia todo feliz ao lado daquela morenaça que era a "musa dos meus sonhos". Quando chegamos à praia, encontramos alguns amigos de São Miguel que estudavam e moravam em São Paulo e foram curtir as férias por lá numa barraca. Um dele se engraçou com a minha morena. E não desgrudava. Foi quando observei no seu corpo peludo e molhado pelas águas que escorriam no seu tronco sarado, milhares daqueles carrapatinhos. Comecei a zoar... E ele nos disse que eram borrachudos. Era Phtirus púbis mesmo... o vulgo chato. E muito mais chato ficou para o rapaz. É... como dizem os antropólogos: "a coceira do glabro antropóide que um dia ousou descer das árvores o acompanhará sempre". Seja na forma octópodes, ou de um político. Neste ano vai haver uma infestação deles. O vulgo chato...

...Até a semana"""""".

Nenhum comentário: