sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O MUSEU MALBA TAHAN, EM QUELUZ

Localizada no largo da matriz de São João Batista, o casarão onde hoje se situa o Centro Cultural Malba Tahan foi construído em 1824 pelo pároco, com o objetivo de torná-lo Casa Paroquial.
Sua estrutura, típica do Brasil colonial e que se estendeu por longo período, incluindo o século XIX, foi erigida em taipa, técnica arquitetônica baseada no uso de uma mistura bem dosada de argila e areia e alguma fibra vegetal, crina de animal ou mesmo estrume.
Na parte inferior foi utilizada a técnica construtiva da taipa de pilão, enquanto na parte superior, as paredes foram erguidas recorrendo à taipa de mão ou de sopapo.
Quando da elevação do povoado de Queluz à condição de Vila, em 1842, o casarão foi cedido pela paróquia para ser transformado em Santa Casa de Misericórdia, assim permanecendo até meados da década de 1910.
Em 1915, o Capitão José Carlos de Oliveira Queiroz, abastado fazendeiro da cidade, decidiu doar o terreno para a construção da nova Santa Casa. 
Uma vez em funcionamento, nova obra misericordiosa permitiu que o casarão retornasse à administração eclesiástica que passou a alugá-lo durante mais de 50 anos.
Quando o município decidiu apropriar-se do imóvel, restaurá-lo e transformá-lo em um espaço cultural na cidade, decidiu-se também homenagear um de seus mais ilustres cidadãos, filho porque não dizer: Júlio César de Mello e Souza, o Malba Tahan.
Embora nascido no Rio de Janeiro, Júlio César, muito antes de se tornar Malba Tahan, passou sua infância e parte da adolescência com a família, em Queluz-SP.
Ali publicou seu jornal artesanal (O Erre) e ali montou sua exótica coleção de sapos. 
Ele próprio, em entrevista concedida ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, no dia 25 de abril de 1973, declarou:
------- "Cheguei a ter uma coleção muito interessante de sapos. Cheguei a ter cerca de 50 sapos no quintal de casa, todos eles educados por mim, muito atenciosos e muito obedientes. Eu os comandava com chicote de corda desfiada. Com aquele chicote eu os tocava pra fora, pra dentro, e eles atendiam ao meu chamado. [...] Mais tarde, eles fizeram uma maldade. Quando eu vim para o Colégio Militar, eles dispersaram a minha coleção, fizeram uma 'sapotagem'. Coisa que foi muito desagradável pra mim. Cheguei lá e os meus sapos tinham sido atirados no rio Paraíba alguns, e outros tinham desaparecido".
O Centro Cultural Malba Tahan é um espaço público aberto aos mais diversos eventos culturais e educacionais, além de buscar se constituir, desde sua instalação, em um centro de referência para as pesquisas ligadas a Malba Tahan.
Em seu espaço acontecem exposições, palestras, conferências, workshops, cursos de formação, além de, obviamente, visitações de estudantes e turistas interessados em conhecer um pouco da vida e da obra do professor que conseguiu construir, como ele próprio diz citando um de seus críticos, o mais bem elaborado caso de "mistificação literária" que o Brasil já conheceu.
No casarão de taipa também é possível encontrar objetos, documentos e informações arqueológicas e históricas sobre a cidade de Queluz-SP.
Durante algum tempo, documentos, livros e objetos pessoais de Malba Tahan, cedidos pela família, eram encontrados no Museu.
Infelizmente, dadas às condições de descuido do poder público com tão significativo acervo, durante vários anos, fez a família decidir-se pela sua remoção para outra instituição, sendo escolhida a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para ser a nova depositária da preciosa coleção.
Os demais objetos e documentos do Museu Arqueológico e Centro Cultural Malba Tahan, todavia, permanecem expostos e à disposição de visitantes interessados em saber mais a respeito da história desta cidade, hoje às margens do rio Paraíba e da Via Dutra, que alcançou a condição de município no ano de 1876.
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8 às 11h e das 13 às 17h.
Endereço: Praça Padre Francisco das Chagas Lima, 272, no centro de Queluz-SP; telefone: (12) 3147-1200.
Entrada gratuita. 
Fonte: Jornal Lince

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