terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

BRASILEIRINHOS


Mário Proscanos está sempre precisando entrar em repartições daquelas ditas públicas. Quer para reclamar, quer para tentar compreender...
Outro dia, esteve no Sindicato em busca de alguns direitos, pois o patrão o mandara embora. 
Por que? 
Ora, porque não havia cumprido uma ordem meio besta passada por ele.
No Sindicato, coitado, nem quiseram fazer nada por ele, pois o funcionário que o atendeu era parente daquele seu patrão, aliás, do seu ex patrão. 
Até o presidente do Sindicato, um tal de Waldão, que virou vitalício na cadeira - e é gordamente remunerado - mandou dizer que estava viajando para não atender o rapaz.
Coisa grossa! 
Mário Proscanos saiu dali bem aborrecido, pensando em procurar um advogado. 
Bem, advogado era para isso mesmo, não era? 
O papel dele não é consertar as coisas que estão erradas? 
Foi. 
Lá encontrou a Dona Maria Prosquintos, mulher sofrida, pobre, gasta de tanto ser maltratada pela vida. 
Com o dedo machucado. 
Não aceitaram a queixa dela na Delegacia. 
O auxiliar lá informou que se ela não fosse dona do buraco onde morava, ele não poderia fazer o BO. 
E olhe que ela foi ameaçada com uma faca no buraco onde morava. 
Briga de herdeiros de terra. 
Pode acontecer uma desgraça a qualquer hora. 
E por isso ela estava ali buscando um doutor.
- Se Deus é por nós, quem será contra nós? A Justiça? Os Sindicatos? - perguntava Mário Proscanos ao advogado que o aguardava para estudar seu caso, Código na mão, falando difícil. 
Seu pão do dia a dia depende dessas desgraças de cada um, de todas as arbitrariedades que acontecem em todos os setores da vida humana.
Foi Dona Maria Prosquintos quem respondeu, de forma solene, quando viu que o Mário seria o próximo a ser atendido logo após sua saída:
- Os urubus de Brasília que vieram defecar em nossa humilde cidadezinha!
Sábia a Dona Prosquintos!


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