terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

NÃO É UMA CRÔNICA!


Toda vez que você presenciar a prática de algum ato imoral, indecente, hediondo, e não fizer nada, é melhor colocar grades nas suas janelas, cerca elétrica nos muros da sua casa, contratar um bom segurança com porte de arma e deixar pelo menos dois cães, desses carniceiros, sempre com fome, no seu quintal, porque, mais dia, menos dia, vai acontecer... 
Com você, com sua família, com seu vizinho, com seu irmão...
Mas vai acontecer!
Não é paranóia, não!
Como o caso daquele cidadão brasileiro que, certa vez, numa noite, altas horas, percebeu que uma viatura policial entrou na sua rua, uma rua deserta e sem saída.
Como qualquer curioso, puxou a cortina da sala, um pedacinho só, mas que deu para ver a cena: eram dois policiais; desceram, agarraram o moleque, que deveria ter uns doze anos, ou até menos... 
Taparam sua boca e praticaram todo tipo de sevícias contra o coitadinho.
Primeiro um, depois o outro.
Poucos minutos foram necessários. 
Ao final da cena degradante, o cidadão da janela ainda pode ouvir a sentença final:
- "Isto é para você aprender a não andar por aí durante a noite".
Será que esse cidadão conseguiu dormir e acordar disposto para a vida no dia seguinte?
Será que ele não chorou em nenhum momento do dia?
Ou será que aquilo foi até bom para a sua libido!?
Ainda bem que o menino não era parente dele, não?
E se fosse?
Sairia em socorro dele?
Ou fingiria estar dormindo, cego, surdo, sem memória?
Medo de que?
Será que a vida daquele cidadão valeria mais do que a vida do rapaz?
Ah, mas o silêncio do cidadão, esse sim, valeu.
Já pensou na revolta desse garoto? 
A partir dessa noite, ser obrigado a carregar um certo estigma para o resto da vida?
E a família dele? 
Será que ao menos ficou sabendo?
É...
E, quando num futuro próximo, folheando as páginas de um jornal qualquer da sua cidade, deparar com aquele rapaz, já transformado em marginal, talvez por culpa sua, dá para culpar esse brasileiro?
E quando, uma noite, altas horas, sua casa for invadida e lhe roubarem seus tesouros, dá para confiar na proteção prometida pelos seus próprios algozes.
Da próxima vez, tomara que esse cidadão faça diferente: a qualquer barulho lá fora, que ele não olhe pela cortina da janela da sua sala; que ele vá até o banheiro e se enforque. 
Não fará falta para ninguém!


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