quarta-feira, 21 de março de 2012

O DIA EM QUE A HISTÓRIA FOI AO CHÃO


(Na foto, que me foi doada pelo saudoso Tico França, vê-se ele à direita. O da esquerda é Policarpo Torrel Neto. O menino que vem passando por trás da pedra é Michel Tarabay)

Aconteceu em junho de 2.000.
Nessa época, havia na cidade um jornalzinho chamado "O Palco", e nele o poeta, músico e compositor Armando Fogaça exarou toda a sua indignação, através do texto abaixo transcrito.

"Já faz alguns dias que a pedra que trazia o nome dos nossos soldados que estiveram defendendo o Brasil e o Mundo na 2a. Grande Guerra está no chão; como que querendo esquecer a grande façanha dos pracinhas brasileiros que estiveram compondo a FEB (Força Expedicionária Brasileira), que conseguiram conquistar o Monte Castelo, na Itália.
Na época, foi um grande feito, porque aí nesse trecho os alemães conseguiram segurar o avanço dos aliados.
E fomos nós, os pracinhas brasileiros, que com muita luta e coragem avançamos sobre os alemães e os vencemos. 
Digo nós, porque até hoje nós só temos que sentir orgulho e reverenciar os bravos brasileiros que lá estiveram.
E é importante frisar bem esse orgulho, porque enquanto houver a raça humana, a história vai estar lá. 
Foram os brasileiros, com a sua ousadia, que deram um dos primeiros passos para a derrota dos nazistas.
E nessa pedra, no meio da nossa praça, estavam os nomes dos nossos soldados.
O que isso quer dizer?
Que São Miguel Arcanjo esteve lá também, representada por seus filhos, atirando, levando a sua coragem, o seu orgulho e arriscando a própria vida pela sobrevivência da Humanidade.
E como é que pode?
Derrubaram o marco no meio da Praça?
Simplesmente fechar os olhos para nossa história?
Quem será que teve coragem de fazer isso?
Um povo sem história não existe!
Se com o passar do tempo nós não formos registrando os acontecimentos, nós simplesmente não existiremos.
E do mesmo jeito que não nos preocupamos com o que acontece com a nossa cidade, também vamos estar fechando os olhos para nossa história.
Todos temos responsabilidade por tudo que rodeia a nossa cidade, o nosso estado e o nosso país.
Espero que quem derrubou aquela pedra esteja arrependido, porque jogados lá no chão estão o nosso orgulho e a nossa história, já tão desgastada por esses políticos corruptos e oportunistas que temos aos montes.
Precisamos resgatar.
Espero que as autoridades tomem alguma providência e logo com a restauração dessa pedra. E que os jovens tomem mais cuidado com o nosso patrimônio, porque, um dia, talvez, precisemos deles para que a história continue a ser escrita.
E vamos precisar do seu orgulho, da sua coragem de dar a sua contribuição na construção de uma nova cidade, de um novo Brasil, mais justo, e que assim possamos ter orgulho de sermos brasileiros.
E você, será que sabe quem são os pracinhas sãomiguelenses que estiveram nessa guerra?
Escreva para a redação deste jornal e ajude-nos a reescrever a história de São Miguel Arcanjo.
A população agradece".


OBS: Demorou muito tempo até que a prefeitura mandasse  restaurar a pedra, porque aqui a administração só faz alguma coisa quando ela quer; o povo não manda em nada, muito menos quem critica os fatos.
Mas o sinal do vandalismo continuou na pedra: o defeito no restauro está lá para quem quiser ver.

UMA BARBARIDADE DE ARTE!

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