terça-feira, 20 de março de 2012

URUBU CAMPEIRO NÃO TEM MORADA.


Há mais de trezentos anos, um teólogo jansenista escrevia que "os pobres são espectros horrendos que perturbam o repouso dos particulares, interrompem a alegria das famílias e arruinam a tranquilidade pública. É preciso fazer calar o clamor desses miseráveis que perseguem o pacífico burguês até em suas casas e se juntam em criminosos movimentos".
Como calar esses infelizes que formam a multidão anônima e incontrolável que planeja abalar as hierarquias querendo tomar parte no sistema e combater os privilégios conquistados pelos mais ricos que ainda hoje estão no poder?
Inventar mais carnavais para calar a boca desses desclassificados, resolverá o problema?
O que prometer-lhes para se ganhar uma eleição?
Aproveitar as lições das seitas protestantes que pregam o fim do mundo, mas estendendo sempre suas sacolinhas?
Fazer como fazem os esotéricos que acenam com a possibilidade de existirem novos mundos, nova vida após a morte, mas que acabam criando fama e riqueza apenas para seus idealizadores?
Ou continuar ao lado do cristianismo que ainda prega a humildade, a igualdade, a fraternidade, enquanto nossos irmãos são sacrificados diariamente por homicidas, estelionatários, especuladores, estupradores, mafiosos, corruptos? 
Mas será que os miseráveis ainda sabem distinguir o Bem do Mal?
Ou vivem na hibernação e um dia quando chamados às urnas saem dessa anestesia para votar sem consciência alguma?

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