domingo, 1 de abril de 2012

SÃO MIGUEL ARCANJO ANIVERSARIA HOJE - V I


        O PRIMEIRO GOVERNO MUNICIPAL
  
Estando finalmente decretada a emancipação político-administrativa do novo município paulista, o Governo da Província designou a eleição municipal para o mês de agosto de 1889, tendo ela se realizado sem nenhum incidente, apesar das sérias apreensões nesse sentido por parte do bloco situacionista. 
É que naqueles tempos havia qualquer coisa que corroia secretamente as carcomidas e velhas instituições, produzindo em seus membros um mal estar desagradável, todas as vezes que se tratava de interesses comuns à opinião pública, cujos hábitos, diziam os velhos monarquistas, se achavam bastante anarquizados.
A primeira Câmara ficou constituída da seguinte maneira:
Presidente- Manoel Fogaça de Almeida;
Vice-presidente- Alfredo Olegário dos Santos Terra.
O vereador José Leme de Moraes Brisolla faltou nesse dia.
À exceção de Manoel Fogaça de Almeida, esse grupo fazia parte da política em decadência. E que pouco tempo depois, com o advento da República, foi mesmo completamente desmantelada.
A comoção que eriçava os peitos dos Comendadores e Conselheiros, dos Barões e outras altas dignidades monárquicas, bem como dos políticos de menor escala, fazia lembrar a aproximação das entidades do sobrenatural, as almas do outro mundo, que, segundo rezam as lendas populares ainda em voga, causam arrepios insuportáveis pelo corpo, seguidos, muitas vezes, por síncopes e outros distúrbios mentais pouco desejáveis.
A República que vinha solapando as velhas fortalezas e aproximando-se dos guardas e comandantes, assim meio invisível, à moda dos seres do além, era esse qualquer coisa pressentido pelo pessoal da situação, cuja aura corpórea encontrava-se semelhante à indução elétrica dos fios condutores com as correntes naturalmente produzidas pelos raios, com uma outra aura superior, a que era produzida pelo choque próximo e natural das idéias avançadas de uma nova forma de governo, mais compatível com a dignidade nacional.
No dia 25 de novembro de 1.889, em sessão extraordinária, foi instalado outro governo provisório, este, sim, reconhecendo a República como verdadeira e única forma de governo.
Esse governo provisório ficou assim definido: Alfredo Olegário, Ernesto Arantes de Noronha, Jeremias Moreira Branco e José Monteiro de Carvalho.
O nosso primeiro governo municipal ficou, portanto, constituído de modo a consultar todos os interesses municipais, sem prejuízo também das correntes partidárias que ficaram satisfeitas plenamente.
A esse novo grupo governativo deveu-se o início dos melhoramentos locais, serviço este que não deixou de causar-lhes sacrifícios enormes, pouco reconhecidos, infelizmente, pela maioria dos representantes da geração atual.

A POSSE

A posse da Câmara eleita deu-se no dia 28 de setembro de 1889.
É novamente o Major Luiz Válio (J. Severo) quem nos legou a história sobre os preâmbulos da posse; nessa época, ele contava com 9 anos de idade e esteve presente e assinou no Livro de Atas da Câmara. 
Diz ele que a 27 daquele mês, algo de interessante e sublime empolgara a população são-miguelense.
Pela manhã, ouviu-se o ensaio da banda musical e pelas ruas, num constante vaivém, trançavam-se os varredores e os que se encarregavam dos demais preparos.
À escola do Monteiro compareceram todos os alunos matriculados, e cada um levava o cartapasso, ou a caixa de papelão, repletos de pétalas de flores naturais, segundo a recomendação solene que foi dada pelo velho professor.
Era um dia de festas em que a alegria brotava em todos os semblantes, se bem que muito poucos conheciam a razão de ser de tamanha satisfação.
A tarde chegava aos poucos e o movimento das ruas crescia quase que automaticamente, até que, num dado momento, ouviram-se os estouros dos foguetes no alto da estrada, anunciando a próxima entrada na Vila, dos beneméritos encarregados de dar posse à Câmara eleita.
O povo, seguido pela banda musical, foi ao encontro, e, passados alguns instantes, estacionavam, à frente da escola pública, entre alas de alunos e cobertos de flores, o vulto simpático e nobre do Major Fonseca, Presidente da Municipalidade de Itapetininga e o não menos simpático Procópio Leme, seu inteligente secretário.
A primeira Câmara ficou assim composta:
Presidente- Manoel Fogaça de Almeida;
Vice-presidente- Alfredo Olegário dos Santos Terra.

MAS ENTÃO CHEGOU A REPÚBLICA!

Então, no dia 15 de novembro de 1889, a República encontrou São Miguel Arcanjo com o seu governo em atividade e, devido aos bons ofícios empregados na campanha de sua independência, Campos Sales foi aclamado pelo povo, que virou casaca no mesmo dia da implantação do novo regime no país, sem nenhuma relutância e por unanimidade de sentimentos patrióticos. 
No entanto, a primeira Câmara foi desfeita e já no dia 25 de novembro, em sessão extraordinária, foi instalado outro governo provisório, esse, sim, reconhecendo a República como verdadeira e única forma de governo. 
O governo provisório ficou assim definido: Alfredo Olegário dos Santos Terra, Ernesto Arantes de Noronha, Manoel Fogaça de Almeida, Jeremias Moreira Branco e José Monteiro de Carvalho. 
Somente no dia 30 de outubro de 1.889 é que foi instalada legalmente a primeira Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo e tomaram posse os vereadores: 
Manoel Fogaça de Almeida, 
Alfredo Olegário dos Santos Terra, 
José Augusto de Souza Nogueira, 
José Alves Pereira, 
Ernesto Arantes de Noronha, 
José Leme de Moraes Brisola 
e Jeremias Moreira Branco. 
O primeiro secretário foi Procópio de Almeida Leme. 
No período republicano, São Miguel primou pela lisura de suas eleições, que eram a expressão da realidade. 
Nunca esteve sem partidos organizados que se fiscalizavam mutuamente, sendo de notar a exuberância destes que, em certo período atingiram o número de quatro. Eram eles: o Partido Republicano, o 
Católico, o Monarquista e o Neutro. 


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